O Ministério Público Estadual (MP) entendeu que o ex-deputado estadual Luiz Fernando Ribas Carli Filho pode ser denunciado por ter cometido duplo homicídio com dolo eventual no acidente automobilístico em que se envolveu no dia 7 de maio, em Curitiba.
O acidente aconteceu no bairro Mossunguê e causou a morte de duas pessoas: Gilmar Rafael Yared e Carlos Murilo de Almeida. O entendimento do MP ainda preliminar, pois o inquérito não foi concluído – foi relatado num documento enviado ao Tribunal de Justiça do Paraná (TJ), ontem, para solicitar ao órgão o envio do inquérito ao juízo de primeiro grau.
Agora o caso já não fica mais sob a responsabilidade da Procuradoria Geral de Justiça (do MP), pois o parlamentar renunciou e perdeu o direito de ser julgado com foro privilegiado.
Dessa forma, o caso Carli Filho não será mais analisado por desembargadores do TJ, mas sim por um juiz e um promotor que atuam no juízo de primeiro grau. Entre as possibilidades de destino do caso do deputado está a Vara de Inquéritos Policiais, que trata de casos com indiciados soltos.
Caso haja o entendimento do promotor e do juiz dessa vara que Carli Filho realmente cometeu o homicídio com dolo eventual, então o caso vai ao Tribunal do Júri (júri popular).
No documento enviado pelo MP ao TJ, os promotores sugerem o encaminhamento de Carli Filho ao júri popular. Se não houver esse entendimento do juízo de primeiro grau, se por acaso ficar certo que o crime cometido foi culposo, o inquérito segue para a Vara de Delitos de Trânsito.
No pronunciamento, os promotores que até então investigavam o acidente, Rodrigo Chemim e Fábio Guaragni, relatam que o crime pode ser entendido como duplo homicídio com dolo eventual por vários motivos, entre eles o fato de que já há provas de que o deputado dirigia alcoolizado na noite do acidente e, mesmo assim, recusou carona.
Desta forma, ele assumiu o risco daquela situação, segundo o MP. Outro motivo, conforme os promotores, é que também já se sabe que o veículo de Carli Filho estava em alta velocidade na hora da colisão.
Defesa
O advogado de Carli Filho, Roberto Brzezinski Neto, falou com a imprensa ontem pela primeira vez. Mas ele não adiantou qual será sua estratégia de defesa. “Por uma questão de razoabilidade, não posso falar qual será minha estratégia de defesa enquanto o inquérito não for concluído. Até agora, tudo que temos são indícios, estou acompanhando a investigação e ainda existem algumas diligências a serem feitas. Dessa forma, seria temerário adiantar qualquer coisa”, informou.
Brzezinski também criticou a imprensa. “A maneira com que a dor das pessoas tem sido levada ao espetáculo é incrível. As pessoas não têm o direito de fazer esse espetáculo com a dor de três famílias”, afirmou.