promotor Rodrigo Chemim, que atua na área criminal e está lotado na assessoria do gabinete da Procuradoria Geral da Justiça, foi designado pelo Ministério Público Estadual para acompanhar o inquérito que apura as causas e responsabilidades pelo acidente que matou os jovens Gilmar Rafael Souza Yared, 26 anos, e Murilo de Almeida, 20 anos, na madrugada da última quinta-feira, em Curitiba. Outro envolvido nesse acidente foi o deputado estadual Luiz Fernando Ribas Carli Filho (PSB), que está internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

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O promotor não quis falar com a imprensa, pois prefere antes se inteirar do caso e entender os detalhes da investigação. O acidente aconteceu na Rua Ivo Zanlorenzi, a via rápida que vai do Campo Comprido até o Campina do Siqueira, no Mossunguê.

O deputado estava com um Passat e colidiu no Honda Fit, onde estavam os dois rapazes que morreram na hora. O político foi socorrido pelo Siate e encaminhado ao Hospital Evangélico.

Mas ontem quem resolveu falar foram os pais de Gilmar: Cristina e Gilmar Yared. Eles compareceram na tarde de ontem na Delegacia de Delitos de Trânsito acompanhados pelo advogado Elias Mattar Assad. A intenção era ouvir do delegado Armando Braga detalhes do acidente e de que forma corre o inquérito policial.

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Visivelmente abalada, alternando choro com momentos de exaltação e revolta, a mãe do rapaz disse que só quer justiça e nada mais vai confortar o seu coração do que a verdade.

“Não podemos aceitar tudo isso de uma forma passiva. Não posso aceitar que meu filho seja tirado da nossa família de uma forma covarde. O corpo dele ficou espalhado pela rua, um banho de sangue no asfalto”, contou.

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Ela disse também que muitas pessoas estão entrando em contato com a família. “Uns dizem que o deputado foi pra São Paulo para fugir da responsabilidade e, em seguida, vai para fora do País. Outros afirmam que ele estava bem e que, quando estiver pronto para dar esclarecimentos, vai dizer que não se lembra de nada”, contou Cristina.

“Agora vamos torcer para que o deputado fique bem, que ele seja útil à sociedade e volte para sua família. Assim ele vai poder esclarecer tudo o que aconteceu e ser responsabilizado pelos erros”, completou.

Transferência

Segundo o último boletim médico emitido pelo Hospital Evangélico, divulgado na noite de domingo, o parlamentar teve uma melhora sutil e a transferência só foi autorizada porque foi constatada uma evolução do quadro neurológico.

No entanto, informações de funcionários do hospital apontam que o estado de saúde do deputado não é tão complicado quanto apresentado. Uma funcionária, que não quis se identificar, disse que ele ficou sedado e que quando saiu, na noite de domingo, estava lúcido, apenas com o aparelho de traqueostomia no pescoço.

“A gente só sabe que ele não corre mais risco de morte e foi para São Paulo para fazer uma cirurgia plástica. Se ficasse aqui, com certeza seria liberado da UTI”, contou a moça.

No final da tarde de ontem, o Hospital Israelita Albert Einstein liberou o primeiro boletim médico informando que o deputado, que deu entrada na noite de domingo, permanece na Unidade de Terapia Intensiva, consciente e respirando sem ajuda de aparelhos.

Segundo a nota, ele segue realizando exames clínicos e neurológicos que poderão determinar seu quadro de saúde e definir o tratamento a ser adotado. Ainda não há previsão de alta.

Deputado é reincidente em excesso de velocidade, aponta advogado


Flávio Laginski e Mara Andrich

O advogado Elias Mattar Assad, que representa a família de Gilmar Rafael Souza Yared, vítima do acidente de automóvel após colidir com o carro guiado pelo deputado estadual Luiz Fernando Ribas Carli Filho (PSB), disse ontem que te,ve acesso aos autos no caso.

O advogado informou que Carli Filho possui 30 multas, a maioria delas por excesso de velocidade.A situação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do deputado também estaria com indicativo de suspensão, uma vez que ele teria extrapolado o limite de 20 pontos.

“Parece-me que ele estava recorrendo para não perder a carteira de motorista. Pelo histórico, percebe-se que o deputado gostava de correr com o automóvel. A velocidade que ele praticava era para ser utilizada em uma pista de corrida”, avalia. Assad disse ainda que hoje e amanhã mais novidades serão apresentadas.

Dificuldade

Para a imprensa, a apuração de alguns fatos a respeito do acidente em que se envolveu o deputado Carli Filho tem sido difícil. Com relação à polícia, a Delegacia de Delitos de Trânsito não repassa qualquer informação sobre o ocorrido.

Já a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), que revela que não há segredo de Justiça, diz que apenas se tomou essa atitude – de não repassar informações – por tudo ser muito preliminar ainda e também para não prejudicar o andamento da investigação.

A assessoria da Diretoria de Trânsito de Curitiba (Diretran) informou ontem que já recebeu um ofício da polícia solicitando o envio das imagens das câmeras de radares da região por onde passou o deputado na noite do acidente.

Ainda segundo a assessoria, as imagens devem ser enviadas à polícia nos próximos dias, mas não precisou qual dia. A reportagem solicitou à Diretran ontem, por volta das 18h, possíveis multas que o deputado poderia ter sofrido na noite do acidente, mas foi informada de que essas informações só poderiam ser conseguidas hoje, em função do horário.

A reportagem também tentou contato com o gabinete do deputado, na Assembleia Legislativa do Paraná, mas foi informada – por telefone – de que ninguém se encontrava mais no local. A reportagem também ligou para o assessor do tio de Carli Filho, o deputado Plauto Miró (DEM), mas não conseguiu contato com o familiar de Carli Filho.