A Justiça Federal do Paraná recebeu, ontem, denúncia feita pelo Ministério Público Federal (MPF) contra 33 pessoas envolvidas no esquema de fraudes no comércio exterior, sonegação de impostos e evasão de divisas, flagradas há um ano pela Operação Dilúvio. Àquela época, a operação levou à cadeia mais de cem pessoas – entre elas os empresários Marco Antônio Mansur, Marco Antônio Mansur Filho e Antônio Carlos Barbeito Mendes, responsáveis pelo Grupo MAM e mentores do esquema -, mas a Procuradoria trouxe à tona os ?clientes? da quadrilha somente na semana passada, denunciando-os à Justiça. Eles seriam representantes de cinco empresas, dentre elas a Polimport, conhecida como Polishop, que comercializa produtos na TV.
O juiz da 3.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, Leoberto Simão Schmit Júnior, não forneceu detalhes sobre seu posicionamento ao acatar a denúncia, mas informou que entre os indiciados estão sócios e administradores da Polimport e pessoas apontadas como líderes da quadrilha que seria chefiada pelo grupo MAM. Eles devem responder por crimes de contrabando, formação de quadrilha e falsidade ideológica. Com essa denúncia, eleva-se para dez o número de ações penais em trâmite até o momento com base nas investigações realizadas na Operação Dilúvio.
Dilúvio
De acordo com a procuradoria, a qualquer momento mais pessoas podem ser denunciadas. Nesta segunda etapa da operação, o Ministério Público aponta também como os clientes do grupo foram beneficiados com o esquema montado pelos empresários, que contavam ainda com a atuação da secretária Alessandra Salewski, também presa quando deflagrada a operação.
Além dos membros da Polimport, foram denunciadas pessoas ligadas a distribuidoras de produtos de informática, uma gráfica e uma empresa paulistana de produtos ortopédicos, totalizando 83 suspeitos. A maior parte deles, porém, é da Polimport. Segundo a procuradoria, a empresa se beneficiaria dos ?serviços? do grupo MAM para a emissão de declarações de importação fraudulentas e recomposição de preços de importação, usando empresas ?laranja?, para se livrar de impostos incidentes sobre o lucro.
Além das interposições fraudulentas, o grupo MAM também teria como frentes de atuação a utilização indevida de benefícios fiscais e subfaturamento de mercadorias importadas. A reportagem contatou a assessoria de imprensa da Polimport para que comentasse o assunto, mas não houve resposta da empresa até o fechamento desta edição.