Uma menina, de apenas 5 anos, testemunhou a morte do pai, que tentava protegê-la de um assaltante, na manhã de ontem, no Capão Raso. O ladrão queria o carro da vítima, mas fugiu sem levar nada. O metalúrgico Luiz Fernando Laidens completaria 34 anos na próxima semana. O homem deixava a filha na casa da mãe e seguiria para o trabalho.
Pouco depois das 7h, Luiz chegou com um Peugeot 307, na Rua Olindo Sequinel, próximo à Rua Laudelino Ferreira Lopes, e estacionou o veículo sobre a calçada, para abrir o portão. Quando voltava para o veículo, o assaltante se aproximou armado e ordenou que Luiz lhe entregasse a chave do carro.
Balaço
Temendo pela segurança da filha, que estava sentada no banco traseiro, ele se negou a entregar a chave. O assaltante se irritou, atirou quatro vezes e correu. Luiz foi baleado na cabeça e não resistiu. A vizinhança escutou os disparos e os gritos das crianças que passavam pela rua, para ir à escola. Muitas pessoas foram até a casa da família de Luiz e a comoção foi generalizada. A filha da vítima foi levada para dentro da residência.
Próximo ao corpo, peritos do Instituto de Criminalística recolheram três estojos deflagrados da pistola calibre 380 usada pelo assaltante. Policiais militares fizeram buscas no bairro mas não encontraram o bandido. O crime é investigado pela Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos.
Perigoso
Moradores da região reclamam que os assaltos se tornaram frequentes nos últimos meses. Vera Lúcia dos Santos, moradora há 42 anos na mesma rua que Luiz, e seu filho já foram roubados. “A gente vê jovens passando na rua, mas não tem como saber que são assaltantes. Fazem tudo a pé, muito rápido. Por um celular, estão tirando vidas. O bairro está abandonado”, lamentou.
Luis Alberto Senna, amigo da família de Luiz, afirmou que os assaltantes aparentam ser, na maioria dos casos, menores de 18 anos, e lamenta que, ainda que sejam detidos, em pouco tempo voltam às ruas. “Essa criançada deveria ter trabalho, é a única solução”.
Estatística
De acordo com o Mapa da Violência do Paraná Online, pelo menos outros 19 latrocínios (roubo com morte) foram registrados, neste ano, em Curitiba e região metropolitana. Alguns casos foram elucidados, com a prisão de suspeitos.
Em Contenda, Maria Eduarda de Souza Bueno, de apenas 12 anos, foi baleada na cabeça, durante assalto a um restaurante, na noite de 17 de fevereiro. Ela morreu no dia seguinte, no Hospital Angelina Caron. Um suspeito do crime foi preso em seguida.
Em março, o empresário Wilson Richter, 62, reagiu a um assalto em sua residência, na Rua Humberto Bevervanso, Bigorrilho, e levou dois tiros. Ele morreu no Hospital Evangélico. Um dos bandidos foi preso. No final do mês passado, Yara Reis Dalledone, 77, também foi morta por assaltantes, dentro de casa, na Rua Alberto Folloni, próximo à Rua Benjamim Zilli, no Ahú. Ela levou um tiro na boca. Duas pessoas foram detidas, acusadas de envolvimento no crime, uma delas era empregada doméstica da vítima.
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