No próximo dia 15 de setembro, o tenente Deoclécio Aires, 37 anos, oficial do Regimento de Polícia Montada (RPMont) da Polícia Militar do Paraná, deverá estar se apresentando à Escola de Formação de Oficiais de Cavalaria de FontaineBleau – Guarda Nacional, em Paris (França). Ele é o primeiro brasileiro convidado para fazer o curso de mestre de cavalaria naquela escola, tida como a mais famosa do planeta na formação de oficiais que atuam nesta área.
Apaixonado por cavalos e um estudioso das vantagens que a segurança pública pode obter com o policiamento montado, Aires retornou da França há pouco mais de uma semana. Ele concluiu com êxito um curso de dez meses na Escola Nacional de Equitação Francesa Saumur – Le Cadre Noir e, para sua surpresa, assim que chegou ao Brasil recebeu o novo convite para mais um aperfeiçoamento. ?Talvez tenha sido porque fiquei em primeiro lugar neste curso e então eles aceitaram meu currículo?, disse, modestamente.
Técnicas
Além de assimilar novas técnicas de adestramento de cavalos – sempre voltadas à utilização do animal na área de segurança pública – o novo curso possibilitará ao oficial um aprimoramento na área de administração, gerenciamento e de pessoal na unidade de polícia montada. ?São 11 meses de estudos intensos, mas que dão uma formação completa ao aluno?, explicou. Depois disso, ele acredita que terá uma visão apurada de otimização do uso do cavalo no serviço montado, potencializando o trabalho de polícia comunitária, que é o atual padrão mundial.
Antes de chegar à França, o oficial paranaense havia estado por quatro meses em Angola, na África, onde foi instrutor da Guarda Honorífica Presidencial. Ele treinou 46 policiais da Guarda Nacional de Angola, que usa em seu patrulhamento cavalos comprados no Brasil. Lá, após 33 anos de guerra civil há poucas estradas e muitas delas intransitáveis. ?Sendo assim, o policiamento montado é a melhor solução?, esclareceu.
Paixão
Mais do que um apaixonado por cavalos, Aires demonstra grande sensibilidade no que diz respeito às ações do policiamento comunitário e acredita que o cavalo ?causa um efeito psicológico grande nas pessoas?, além de servir como um meio de socialização da polícia. Em caso de tumultos e policiamento em locais com grande concentração de pessoas, a polícia montada ainda é a mais indicada, segundo afirma.
Carioca bem-humorado e hiperativo, que toca violão e gosta de cantar boleros, o tenente Aires está há 11 anos na Políca Militar do Paraná. Cursou a Academia Policial Militar do Guatupê, para a formação de oficial, e lá é que montou pela primeira vez. ?Foi uma paixão imediata. Senti que gostaria de trabalhar na cavalaria e assim foi. Fui me aperfeiçoando em cursos no Brasil, estudei francês, acabei indo para Angola por indicação do Exército brasileiro e depois fui para a França. Agora, o que mais desejo é retornar para o novo curso e me tornar o primeiro mestre brasileiro nesta área?, afirmou.