Sem poder se defender, amarrado na cama, Lucas dos Santos, 14 anos, foi asfixiado com a fronha de um travesseiro na noite de sexta-feira. O garoto era um dos pacientes do Hospital Colônia Adauto Botelho, em Pinhais, que abriga doentes psiquiátricos e dependentes químicos. Os assassinos são dois adolescentes, também internos do hospital, um deles acusado de outros quatro homicídios. A diretora clínica da unidade, vinculada à Secretaria de Estado da Saúde, Ângela Maria Levorato, esteve reunida com órgãos da secretaria da Segurança  Pública do Estado na manhã de ontem para avaliar a situação.

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Lucas estava imobilizado na cama do quarto que divide com outro garoto, portador de síndrome de Down. A ala em que ele estava internado é específica para adolescentes infratores, que são encaminhados ao hospital por ordem judicial, e naquele dia contava com 10 internos. Os pacientes que cometeram o assassinato estavam soltos na ala, segundo a diretora, por apresentarem quadro clínico estabilizado, ou seja, não demonstravam distúrbios de comportamento. ?Lucas havia agredido outros internos e, por isso, estava em procedimento de contenção?, explicou. A vítima já tinha dois pedidos de alta, porém o juiz não o havia liberado.

?Nossa dúvida é por que os outros não estavam contidos e os motivos que os levaram a cometer o crime?, comentou o investigador Jair, da delegacia de Pinhais. A partir desta segunda-feira, o delegado Gerson Machado irá ouvir funcionários do hospital para esclarecer a situação. Ainda de acordo com a polícia, um dos garotos que matou Lucas é apontado como autor de pelo menos quatro homicídios e era violento.

O companheiro de quarto da vítima não tinha condições de descrever o que aconteceu. De acordo com levantamento preliminar da perita Vilma, da Polícia Científica, Lucas foi asfixiado com uma fronha de travesseiro em volta do pescoço. O garoto também tinha ferimentos nas mãos causados por suas unhas, já que não conseguiu se mexer enquanto era atacado. Depois do caso, os acusados foram isolados.

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A Secretaria da Saúde informou que solicitou apoio da Polícia Militar para garantir a segurança dos outros pacientes e funcionários e pediu agilidade nas investigações para a Polícia Civil.

Hospital

O Hospital Colônia Adauto Botelho, inaugurado em 5 de junho de 1954, localizado na região metropolitana de Curitiba, em Pinhais, é o único hospital psiquiátrico público estadual. Vinculado à Secretaria de Estado da Saúde, ele trata portadores de transtornos mentais e alcoolismo e também destina um pavilhão ao Departamento Penitenciário, conforme consta na página da internet do Depen. O hospital possui 280 leitos, dos quais 180 destinados a pacientes agudos e 102 a portadores de transtornos mentais de longa permanência, sem vínculo familiar, que estão no hospital em um período variável de oito a trinta anos.

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A instituição também mantém casas e programas para ressocialização dos internos. No  Projeto de Desinstitucionalização e Ressocialização, 17 usuários tiveram suas famílias localizadas e foram inseridos no ambiente familiar.