Menino morre asfixiado por vermes

Asfixiado por lombrigas que lhe trancaram a garganta. Assim morreu o garoto Geovane Lemes Domingues, 8 anos, no dia 23 de dezembro do ano passado, quando chegou ao Posto de Saúde do município de Imbaú, próximo a Telêmaco Borba. Logo após a morte do garoto, as lombrigas começaram a deixar o cadáver através da boca e das narinas. O fato não passaria de um caso médico, se a delegada Monica Meister, da 18.ª Subdivisão de Polícia de Telêmaco Borba, a 240 quilômetros de Curitiba, não constatasse que houve negligência dos pais no cuidado com os filhos, e que outras três crianças do mesmo casal também estavam com vermes e correndo risco de vida.

Após a morte de Geovane, conselheiros tutelares tentaram visitar a casa da família, que fica no bairro Vila do Reino, mas foram expulsos pelo pai das crianças, que os ameaçou com um facão. A delegada, ao tomar conhecimento do triste episódio, tratou de acompanhar os conselheiros -com apoio da Polícia Militar -na vistoria. Para desespero de todos, a casa estava em condições inabitáveis, propiciando o aparecimento de doenças nas crianças. "Sobre o fogão tinha alimentos expostos, além de uma panela de feijão embolorado, com moscas e baratas circulando ao redor. Além disso, as outras três crianças –  duas meninas de 9 e 11 anos, e um garoto de 4 – estavam com piolhos, baixo peso e contaminadas vermes", ressaltou a delegada.

Desleixo

Odilon Domingues e Cleunice da Aparecida Lemes, pais das crianças, foram autuados em flagrante pelo artigo 133, inciso segundo, do Código Penal, que prevê pena por abandono de incapaz pelos ascendentes, ou seja, pais que deixam de propiciar cuidados básicos aos filhos. Os dois estão presos desde sexta-feira na delegacia local.

"Eles não são pessoas sem condições financeiras, pois quando o pai foi preso, tinha R$ 700,00 na carteira", explica a delegada, que mostra que o caso foi realmente de negligência. Como os pais também impediram que um médico atendesse as três crianças sobreviventes, a delegada deixou de arbitrar fiança para impedir que continuassem tratando as crianças da mesma forma.

Odilon não quis comentar a morte do filho, e Cleunice, disse que não conseguia limpar direito a casa porque tinha problemas de visão. O que impressiona, é que a carteira de vacinação das crianças estava em dia, porém não estavam desverminadas. As três crianças foram encaminhadas para a Casa Lar de Telêmaco Borba, onde receberam tratamento e medicação adequadas. O menino de quatro anos havia recebido alta hospitalar naquela manhã, após internação de cinco dias, pelo mesmo problema que vitimou seu irmão mais velho.

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