Foto: Anderson Tozato |
Lucas estava parcialmente enterrado. Monstro seria homem alto e magro. continua após a publicidade |
Lucas Gonçalves Vidal, 12 anos, saiu de casa, no começo da noite de segunda-feira, com R$ 40 no bolso para comprar uma bicicleta.
Pouco tempo depois, foi encontrado morto, estrangulado e com indício de violência sexual, em um terreno baldio na Rua Tibagi, Planta Araçatuba, em Piraquara. Os pais só souberam do crime na manhã de ontem.
O garoto estava com a calça do uniforme escolar arriada. A camiseta vermelha da escola estava jogada a dez metros do corpo.
Segundo o perito criminal Victório havia marcas de um cordão e de unhas no pescoço da vítima, que morreu estrangulada. O celular de Lucas e o dinheiro foram roubados.
No Instituto Médico-Legal, o médico legista coletou material biológico da criança para saber se houve violência sexual. De acordo com o delegado do município, Osmar Feijó, o resultado deve sair até o fim de semana.
Grito
Um morador da região disse que estava em casa, quando ouviu o grito do garoto. Ele desconfiou que algo estranho acontecia, olhou pela janela e viu um homem alto e magro, saindo do matagal do terreno baldio, caminhando calmante. Chamou um vizinho e foi verificar o que tinha acontecido, mas não se preocupou em ir atrás do homem.
?Não liguei para a polícia, porque não tenho celular e nem telefone em casa. Não pude ver com que roupa o assassino estava, porque a rua é muito escura?, disse. Ontem, ninguém compareceu à delegacia para fornecer características do suspeito.
Durante as cinco horas que o corpo permaneceu no matagal, ninguém apareceu para reconhecer a criança. Professores e funcionários da escola foram até lá, mas, como o rosto estava coberto de terra, desistiram de esperar e foram embora.
O perito chegou pouco antes da 1h de ontem. Para fazer a perícia, Victório contou com a ajuda do investigador Hélio Pereira, da delegacia local, já que a viatura do Instituto Médico-Legal (IML) só recolheu o corpo à 1h30 de ontem.
Família acredita em vingança
Foto: Átila Alberti |
Pai e mãe de Lucas souberam do crime pelo rádio. |
Lucas vestia o uniforme do Colégio Gilberto Nascimento, onde cursava a 6.ª série. Naquele dia, ele não foi para a aula, porque a irmã havia pego o cadarço do seu tênis.
Animado para comprar a bicicleta de um vizinho, saiu de casa e foi visto pelo pai, perto de uma pizzaria, a cerca de 800 metros de onde morava, por volta das 20h.
?Eu o vi na rua, com um rapaz mais alto que ele e o chamei para pegar um pedaço de pizza, mas ele não deu bola. Não me preocupei e voltei para casa?, contou Antônio Vidal, 49 anos.
O pai acreditou que o filho estivesse dormindo na casa do irmão, que é casado, e dormiu tranqüilo. De manhã, ouviu, pelo rádio, que um menino, com características semelhantes ao do seu filho, tinha sido encontrado morto. Ele procurou a polícia e reconheceu Lucas. Antônio e a ex-mulher, Ione Augusto Gonçalves Vidal, 48, entraram em choque. A criança foi achada a 1,5 quilômetro de sua casa.
Hipóteses
Na tarde de ontem, depois de prestar depoimento na delegacia, Ione passou mal e teve que ser levada ao posto de saúde. ?Por que fizeram isso com o meu nenezinho?, repetia em prantos, enquanto segurava a camiseta do filho.
Para o delegado Osmar Feijó, há duas hipóteses para o crime. Uma delas relacionada diretamente a crime sexual. ?O assassino abusou do menino e o matou para não ser reconhecido?, supôs. A outra hipótese é que Lucas foi aliciado por traficantes e ameaçado denunciá-los.
Para a família, porém, há uma terceira possibilidade: vingança. Um dos irmãos de Lucas já se envolveu com tráfico de drogas e armas, outro já esfaqueou um rapaz e é envolvido em brigas na região. A irmã do garoto garantiu que tem muitos inimigos. ?Acho que que queriam me pegar e a meus irmãos mais velhos, mas resolveram pegar o Lucas que é indefeso. Mas isso não vai ficar barato?, disse.