Preocupado com o horário da aula, Gabriel Henrique Vieira, 13 anos, deu um beijo no rosto da mãe e saiu de casa correndo, às 7h de ontem (12), rumo ao Colégio Estadual Padre Cláudio Morelli, no Umbará. Mal sabia a mulher que era a última vez que veria o filho vivo. No caminho para a escola, num carreiro próximo à Rua Nicola Pellanda, o adolescente foi assassinado com oito facadas. A Delegacia de Homicídios já estabeleceu linhas de investigação.

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Gabriel cursava o 7.º ano e costumava ir ao colégio com a mãe, mas ela sentiu-se mal na noite de terça-feira e passou a madrugada em claro. Ela permitiu que o garoto saísse sozinho, porque imaginou que estaria acompanhado de uma amiga, que sempre saía no mesmo horário, mas ela também não apareceu.

Colega

O adolescente subiu a Rua Victor Gabardo e entrou no terreno baldio, usado como atalho pelos alunos para chegar à Rua Nicola Pellanda. De lá, a escola estava a apenas uma quadra. Por volta das 7h15, outro estudante seguia para o colégio e encontrou Gabriel agonizando, com o uniforme da escola encharcado de sangue. Ele chamou socorro, mas Gabriel não resistiu, atingido por facadas na barriga, no peito, nas costas e no pescoço.

Atrás da cabeça, ficou caída a mochila, com o zíper parcialmente aberto. Pelo caminho, havia uma nota de R$ 10, algumas moedas e anotações em pequenos pedaços de papel com o conteúdo de algumas aulas. Gabriel tinha marcas nas pernas, indicando que escorregou algumas vezes, e o cenário indicava luta corporal do garoto com o assassino.

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Celular

O celular da vítima não foi encontrado e familiares ligaram para o aparelho. Um homem atendeu a ligação e em seguida desligou. Apesar de haver três casas ao redor do terreno, ninguém disse ter ouvido gritos de socorro ou visto movimentação fora do normal.

Investigação vai de família a colegas

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A Delegacia de Homicídios ouviu o ex-padrasto do menino, identificado apenas como Davi, como suspeito do crime. O homem estava separado há três meses da mãe de Gabriel e negou envolvimento no crime. A polícia também investiga desavença com outros alunos.

O pai do garoto morreu há cinco anos, vítima de câncer, e desde então sua mãe era casada com Davi. Por várias noites, o menino precisou dormir na casa de familiares para evitar confusão com o padrasto, com quem se desentendia frequentemente. Funcionários do colégio relataram que Gabriel faltava algumas vezes, principalmente quando as brigas eram mais intensas.

Escola

Depois da separação do casal, Gabriel melhorou o desempenho escolar. Tímido, sem nunca falar dos problemas pessoais, passou a interagir mais com os colegas e entregou um trabalho sobre a importância do consumo de água durante as atividades físicas, que foi afixado no mural do colégio, um dia antes do crime.

Como ele era educado e tranquilo, parentes acreditam que a única motivação para o homicídio é o desentendimento com o padrasto. Davi foi avisado pelos irmãos das suspeitas sobre ele e se apresentou no local do crime. À tarde, fez exames no Instituto de Criminalística, mas os laudos não ficaram prontos.

Brigas

Amigos da vítima e funcionários do colégio deverão ser ouvidos para apurar se o garoto tinha inimizade com alguém na escola. Há dois anos, Gabriel foi agredido por alguns alunos.

O delegado Rubens Recalcatti apurou que o garoto se desentendeu com dois rapazes, há pouco tempo, quando voltava para casa. “Eles queriam pegar os pães que ele carregava e houve uma desavença. Mais tarde, o garoto foi agredido”, disse o delegado.