Quase oito meses sem sair de casa e 17 dias após ser libertada da tortura e do cárcere privado, a vida da menina L.R.S., de 12 anos, começou a voltar à rotina. Nesta terça-feira (1), com uniforme bem passado e mochila cor-de-rosa, ela foi reintegrada à turma de 40 alunos do 6º ano do ensino fundamental do Colégio Polivalente da Polícia Militar (PM). "Aluna CPMG, L.R.S., do 6º ano C, se apresentando", disse após bater continência ao capitão da PM José Martins, diretor da unidade, no setor oeste, em Goiânia.
A menina foi tirada da escola no mês de agosto do ano passado pela empresária Silvia Calabresi Lima, acusada de maus tratos e de cárcere privado. Na época, segundo vizinhos do prédio onde morava, os hematomas começavam a ficar visíveis e suas aparições escassas. "Estou de volta à minha casa, agora me sinto segura", disse L.R.S. aos seus colegas na escola. "Ela retornou à escola, porém, vai repetir o 6º período", avisou o capitão. "Vai começar da estaca zero", afirmou.
O diretor comentou que o tratamento a ser dado à aluna "será normal", buscando sua reintegração. Ele até pediu aos alunos para abandonarem a curiosidade sobre o caso. "No ano passado, ela se mostrou uma aluna de comportamento normal, com desempenho escolar dentro da expectativa e fazia parte de uma turma com idade variando entre os 10 anos e 12 anos", disse o militar.
"Eu vou crescer, vou me formar e ser advogada, depois serei delegada de polícia", disse a menina. "Eu quero ser delegada para cuidar das crianças do Brasil." Segundo a diretora do Centro da Valorização da Mulher (Cevam), Cecília Machado, onde L.R.S. está hospedada, a menina "vê a polícia como um elo de proteção". "Este é o perfil da criança vítima de violência", afirmou.