Quatro anos após sofrer o primeiro abuso, cometido por um amigo da família, uma garota de 14 anos descobriu que contraiu o vírus HIV, segundo parentes da vítima relataram. Ela permaneceu calada sobre os estupros por todo este tempo porque foi coagida pelo pedófilo, que ameaçava matá-la, junto com os pais e irmãos, caso ela revelasse. Em 2012, o criminoso descobriu que estava com aids e parou de estuprar a menina. Mesmo assim, continuou frequentando a casa dela. Ia sempre aos churrascos promovidos pelo padrasto da vítima, mas nunca falou sobre a doença.
O homem até foi amparado pela família da menina quando a esposa o deixou. Ela saiu de casa ao descobrir que tinha sido contaminada por ele, mas por vergonha, não contou nada aos amigos. Além disso, também nem imaginava que ele estuprava a garota. Assim, o vidraceiro, de 38 anos, conseguiu esconder o mal que tinha feito à filha do amigo por mais este período. O histórico de abusos, que começaram em 2010 e se estenderam pelos dois anos seguintes, foi mantido apenas entre ele e a vítima até o mês passado. “Ela vinha reagindo estranho quando ele aparecia na casa dos pais. Mas ninguém percebeu. Agora conseguimos juntar as peças. Esse homem fez um estrago na vida da minha sobrinha. Toda a família está sofrendo junto. Não sabemos nem como lidar com uma situação dessas”, disse uma tia da vítima.
Descoberta
Dias antes das festas do fim do ano passado a menina ficou doente e não sarava. Estava com pneumonia e depois de algumas visitas ao médico foram feitos exames de sangue. O resultado explodiu como uma bomba. Desnorteados, os pais tentavam descobrir como uma garota, de 14 anos, virgem, que nunca tinha feito transfusão de sangue ou usado drogas injetáveis poderia ter contraído aids. “Ela não falava. Depois de saber da doença, se fechou mais ainda. Então foi necessário ajuda profissional”, descreveu a tia.
Com muito custo, na sala do psicólogo a garota contou que havia sido forçada a fazer sexo anal diversas vezes.
Amigo
O nome do autor, proferido pelo psicólogo, provocou nova explosão na mente dos pais, que se sentiram profundamente traídos. “Ele sabia que os pais trabalhavam durante o dia e que à tarde a menina levava os dois irmãos para a escola e ficava sozinha. Esperava na esquina, entrava e abusava dela. Os vizinhos viam, mas achavam que ele estava ali para cuidar da residência, já que era amigo da família”, revelou a tia.
A garota começou a tomar remédios há uma semana. “O que mais dói nos pais é saber só agora o motivo de a menina sempre se afastar dele. Exigiam que ela o cumprimentasse”, lamentou a tia.
Tarde demais pra provar
Investigadores da delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, intimaram o suspeito, que foi ouvido na semana passada, mas liberado em seguida. Alegou que contraiu o vírus em transfusão de sangue, mas negou ter estuprado e contaminado a menina.
Chegou à delegacia de cadeira de rodas, mas duas quadras depois foi visto levantando, colocando a cadeira no porta-malas de um carro e saindo tranquilamente. Desde então, desapareceu da cidade e a polícia suspeita que esteja escondido em São Paulo. Para a ex-mulher, ele havia contado que pegara o vírus de uma secretária que já estaria morta. A família da garota teme que o crime fique impune.
“Ela fez exames de corpo de delito, mas os estupros aconteceram há certo tempo e agora é tarde para produzirmos alguma prova. O fato é que ela está doente e aponta esse homem como autor de vários estupros. Queremos vê-lo preso. Isso não vai curar minha sobrinha, mas a Justiça terá sido feita”, desabafou a tia.