Em plena luz do dia, às 13h10 de ontem, Carolina Gonçalves da Silva, 14 anos, foi assassinada com um tiro no peito. A menina era viciada em cheirar solventes e cola de sapateiro. Sua morte passa a integrar a estatística divulgada ontem pela Tribuna, que mostra que a associação de drogas e violência é uma das principais causas de morte em Curitiba e Região Metropolitana. A garota, porém, é uma exceção aos casos mais comuns, que envolvem na maioria das vezes vítimas jovens do sexo masculino, entre 17 e 24 anos. Dois rapazes, um deles ex-namorado de Carolina, foram detidos como suspeitos do crime.
Poucas informações foram obtidas pela polícia. Sabe-se que ela estava andando pela Rua Principal da Vila Zumbi dos Palmares, em Colombo, quando um Kadett, cinza ou verde, passou por ela. Duas pessoas que estavam dentro do carro começaram a atirar e depois desapareceram. Um dos tiros atingiu o peito da vítima.
Presos
Mesmo assim, policiais militares do 17.º Batalhão e investigadores da delegacia do Alto Maracanã conseguiram deter dois suspeitos, entre eles o ex-namorado da menina. Eles foram pegos cerca de cinco quadras do local do crime. A arma e o carro descrito pelas testemunhas não foram encontrados pela polícia.
Os nomes dos detidos, que estão no xadrez do Alto Maracanã, estão sendo mantidos em sigilo. A suspeita recaiu sobre o ex-namorado, porque ele estaria ameaçando a vítima.
Drama
A mãe de Carolina, Marlene Aparecida Ferreira de Lima, está presa na delegacia de Quatro Barras, por corrupção de menores. De acordo com a mãe e um tio da menina, Carolina era viciada em tíner e cola de sapateiro mas, no local da morte, comentou-se que ela poderia estar envolvida com crack.
Problemas
A Vila Zumbi dos Palmares, na Região Metropolitana, é conhecida como uma área com vários problemas, que vão desde a falta de infra-estrutura urbana até ao alto índice de criminalidade. É nesse ambiente que Carolina e outras centenas de meninas e meninos vivem, expostos a fatores de risco. Conforme estudos da psicóloga e policial federal aposentada Elismar Santander, divulgados na edição de ontem, esse é um meio propício para o tráfico e a violência. A solução apontada pela psicóloga é a orientação de jovens e crianças e a inclusão deles em processos sociais e educativos. “A escola tem tratado do assunto muito superficialmente. É preciso preparar o cidadão para o futuro”, analisou.