Peças de vários veículos foram
encontradas nos fundos da residência.

Uma quadrilha acusada de furto, roubo, receptação, desmanches de veículos e até mortes, foi desmantelada numa grande operação desenvolvida pelas polícias do Paraná e Santa Catarina. Nos dois estados foram presas dez pessoas, inclusive os líderes do grupo. Na operação participaram, no Paraná, dois delegados e cerca de 10 policiais, divididos em diligências em Almirante Tamandaré, São José dos Pinhais e Curitiba. Oito delegados e mais de 50 policiais agiram nas cidades de Criciúma, Itapema, Itajaí, e Camboriú, no estado vizinho. Em Paranaguá, as investigações ainda estão sendo feitas. As operações foram comandadas pelo delegado Renato Hendges, da Divisão Anti-Seqüestro da Deic (SC) e pelo delegado Agenor Salgado Filho, da divisional da Região Metropolitana de Curitiba.

Foram presos em Santa Catarina: Ivan Traebert, 57 anos; Edla Traebert, 55; Leonides Lemos, 37; Pascoal Nicocelli, 29; Oracildes Leomar Pereira, 22; Manoel Machado Rodrigues, 43; Rogério Rodrigues, 21; Eliana Cordeiro de Oliveira e Elizandro Corso. Siziomar Flávio Rodrigues, 34, e Eliseu Nunes, conhecido por “Tonho”, 36, foram detidos em suas residências em Almirante Tamandaré. Carlos Roberto Bortolan, 37, considerado o chefe da ramificação paranaense, foi preso no fim da tarde de ontem, em Curitiba.

Morte

Toda a investigação que resultou nessa megaoperação teve início com a morte de Alcir Denâncio Garcia, 47, em 5 de maio de 2004. Ele foi contratado pela quadrilha para realizar um frete para Brusque (SC). Lá, foi imobilizado por integrantes do grupo e assassinado com um tiro na cabeça. Os marginais se apoderaram da camioneta da vítima e a desmancharam.

Pedaços do veículo foram encontrados em oficinas catarinenses e também em uma oficina situada na Rua Paulo Setúbal, esquina com a BR-116, na Vila Hauer, em Curitiba, confirmando o trabalho do grupo nos dois Estados. Nas investigações, a polícia descobriu que a quadrilha agia sempre da mesma maneira, ludibriando fretistas. “Eles contratavam pessoas para realizar fretes e depositavam parte do dinheiro da viagem na conta corrente dos contratados. Quando os fretistas chegavam no local combinado eram roubados”, explicou o delegado Hendges.

A polícia ainda não sabe se outras vítimas também foram mortas pela quadrilha. As únicas certezas eram de que o grupo agia da mesma forma em Santa Catarina e no Paraná e que os carros obtidos eram desmanchados em ambos os Estados.

A partir do monitoramento de ligações entre os integrantes da quadrilha, o Deic (SC) conseguiu com que a Justiça emitisse os mandados de prisão que começaram a ser executados ontem. Nessas ligações, foram citados vários nomes de pessoas que ainda não foram identificadas e outras que já estão atrás das grades. Hendges disse que, no mínimo, faltam quatro prisões a ser feitas. Sobre a morte de Garcia, o policial afirmou que há evidências de que o autor dos disparos foi Leonides. Ivan, o chefe da facção catarinense, seria o responsável por revender as peças e Bortollan seria o receptador.

Desmanche no sobrado

Além das informações obtidas com o monitoramento das ligações telefônicas, outras evidências levaram a polícia a investigar mais a fundo os integrantes da quadrilha. Constantemente, eram localizados em Santa Catarina carros furtados no Paraná e vice-versa. “Veículos furtados aqui foram multados em Santa Catarina, reforçando nossas suspeitas”, explicou o delegado Osmar Dechiche, da delegacia de São José dos Pinhais, que também participou da operação.

Dentre as prisões ocorridas no Paraná, a mais importante foi feita na casa de Carlos Roberto Bortolan, na Rua 25 de Agosto, Vila Hauer. Uma residência de alto padrão escondia uma oficina nos fundos do terreno. No local, a polícia encontrou um grande desmanche, com centenas de peças de veículos, provavelmente roubados e furtados. “No mínimo temos dez carros inteiros”, afirmou Dechiche. Todo o material apreendido vai ser periciado. Nessa batida policial foi detida apenas a amásia de Bortolan, que ainda está sendo investigada.

Antecedentes

Bortolan, considerado o chefe da quadrilha no lado paranaense, foi preso em flagrante no fim da tarde, quando entrava no escritório de seu advogado, na Rua Sete de Setembro, Batel. De acordo com o superintendente da delegacia de São José dos Pinhais, Bortolan já esteve preso anteriormente na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos e em Foz do Iguaçu. Já passou nove anos atrás das grades.

As investigações prosseguem no objetivo de identificar os demais integrantes dessa quadrilha.

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