Medo no comércio da Vila Oficinas

Alguns comerciantes da Vila Oficinas, em Curitiba, adotaram uma medida radical contra os assaltos. A venda de produtos está sendo feita através das grades de proteção que cercam os estabelecimentos. Depois de tanto prejuízo, material e psicológico, esse foi o meio encontrado para continuar com as atividades no bairro.

O comerciante Anderson Glinka tem uma distribuidora de bebidas há 12 anos. Nos últimos dois, os problemas com assaltos começaram. Somente em 2003 a loja foi assaltada três vezes por homens que apontaram armas na cabeça de Anderson e de sua família. Em novembro, ele decidiu atender a clientela só por trás das grades. “Nós temos clientes conhecidos. Quando eles vêm, abrimos o portão para passar as mercadorias”, comenta Glinka. “Se o cliente precisa fazer um cheque, por exemplo, a gente deixa ele entrar e tranca o portão”, explica.

O comerciante acredita que essa medida garante a segurança dele e da freguesia. Se aparecer um comprador que ele não conheça, talvez arrisque abrir o portão. “É muito difícil aparecer gente desconhecida, mas às vezes é preciso arriscar”, indica. Glinka até ficou temeroso em perder a clientela por causa das grades, mas isso não aconteceu. “Se eu soubesse que não perderia, já teria feito isso há muito tempo. Talvez não sofreria os últimos assaltos.”

O medo é tanto que Anderson não tira, de jeito algum, o enorme cadeado do portão. E conversou com a reportagem de O Estado justamente como ele faz com os clientes: através das grades.

Os crimes acontecem em um período que, por muitos, é considerado calmo. Das 13h até o final da tarde, a atenção dos comerciantes é redobrada. “Nesse período eu tranco o portão com cadeado”, conta Avenildo Luiz Bedin, dono de uma mercearia na Vila Oficinas. Há quatro anos ele deixa os portões fechados. “Nós sempre nos sentimos inseguros. A sorte é que a gente conhece todos os clientes. Então eles entram e fecho o portão”, comenta.

Bedin já conhece o perfil dos assaltantes e, quando há suspeitos na rua, coloca o cadeado na grade. “Os assaltantes têm entre 16 e 18 anos. Normalmente são dois, que chegam por bicicleta ou moto. E também estão bem vestidos. Se chegar alguém de chinelo, não vai te assaltar”, afirma Bedin.

Policiamento

Alguns comerciantes reclamam da falta de policiamento e não acreditam na resolução dos casos por parte da polícia. Glinka, por exemplo, chamou a viatura nas vezes que foi assaltado, mas a atendimento demorou quase uma hora. O comerciante Bedin nem se deu ao trabalho de chamar a polícia. “Eles prendem, mas os garotos vão ser soltos em seguida. Vai fazer o quê?”, questiona.

A reportagem tentou entrar em contato com a Polícia Militar durante toda a semana, mas nenhuma informação sobre a segurança na Vila Oficinas foi dada.

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