Roubos e assaltos são constantes na Jesuíno. |
O funcionário da loja Mundo Egípcio, Paulo Elias Domanski, disse não ter mais sossego. Duas vezes, ele já pegou pessoas roubando objetos de bastante valor dentro de seu estabelecimento. Há algum tempo, escutou tiros na região e já presenciou até um assassinato. “É lamentável o que está ocorrendo na Jesuíno Marcondes”, reclama. “Depois das 19h, quem anda pelo lugar corre risco de morte.” Segundo ele, não há segurança e falta policiamento para garantir a ordem.
Há três meses na Jesuíno, o proprietário de uma loja de perfumes da franquia Julie & Burk, Romão Baggio Júnior, já enfrentou três assaltos e duas tentativas. “Já fui assaltado à mão armada, minha mulher já foi ameaçada com um canivete e meu estabelecimento já foi arrombado. Depois disso, marginais tentaram entrar na loja outras duas vezes, mas para minha sorte não conseguiram”, conta.
Romão calcula um prejuízo de cerca de R$ 3.500,00. Fora o que os bandidos levaram, ele teve que gastar com equipamentos de segurança. Atualmente, possui monitoramento eletrônico dentro da loja. Apesar das ocorrências, o comerciante insiste em manter sua loja na Jesuíno. “Não acho certo eu ter que me mudar e os marginais continuarem soltos”, protesta. “São eles que devem ser presos e retirados da rua.” Segundo ele, a antiga proprietária vendeu o ponto onde ele instalou sua loja porque também foi assaltada três vezes. “Não pretendo me deixar vencer”, diz.
Na agência de viagens Visittour, foi instalado um sistema interno de TV e porta eletrônica para tentar evitar assaltos. O agente de viagens Sérgio Teixeira informa que, antes da instalação dos equipamentos de segurança, o estabelecimento foi invadido duas vezes. Segundo ele, os arrombamentos cessaram na agência, mas os problemas com marginais e menores de rua continuam. “Muitas vezes, eu e outros funcionários chegamos de manhã e, na porta da agência, encontramos cachimbos de crack e garrafas de bebidas”, conta. “Os marginais também urinam na frente dos estabelecimentos, o que gera muito desconforto.”
O garagista Rafael Garcia trabalha, durante a noite, em um condomínio residencial localizado na Jenuíno Marcondes. Ele lembra que já presenciou muitos assaltos a motoristas e, diversas vezes, depois das 19h, escutou som de tiros e brigas. “Várias vezes já tentaram entrar na garagem onde trabalho para mexer nos carros”, conta. “Sempre consegui evitar, mas não é uma tarefa fácil: alguns moradores do condomínio já foram assaltados ao tentar entrar com seus carros na garagem e ninguém pode fazer nada.”
Os comerciantes e moradores acreditam que, para resolver o problema, o policiamento na região deve ser mais intenso. Eles revelam que, muitas vezes, os policiais chegam a prender menores de rua assaltando ou utilizando drogas. Porém, dias depois, por serem menores, os garotos são libertados e vistos novamente nos arredores da Praça Osório, cometendo as mesmas irregularidades.
Polícia
O capitão da Polícia Militar (PM) do Paraná Luiz Alberto Borba, que na última sexta-feira assumiu o comando do anel central de Curitiba, diz ter conhecimento dos problemas enfrentados pelos freqüentadores da rua. Para resolver a situação, ele afirma que vai tentar colocar mais viaturas para circularem pela Jesuíno e conversar com moradores e comerciantes. “Vou fazer o possível para que a rua se torne mais segura”, promete. “Em primeiro lugar, vou procurar conhecer e me tornar conhecido dos moradores e comerciantes, incentivando-os a confiar na polícia e fazerem suas denúncias.” O capitão também se dispõe a procurar saber em que horários e dias da semana o número de ocorrências é maior.
Atualmente, de acordo com o comandante, o anel central da cidade conta com os serviços de onze carros e onze motos da PM.