Os crimes bárbaros cometidos por José Airton Pontes, 49 anos, indicam que ele apresenta sérios problemas psicológicos. Procurado pela Tribuna, o psiquiatra e chefe do laboratório de Hipnose Forense do Instituto de Criminalística do Paraná, Rui Fernando Cruz Sampaio, falou sobre algumas possibilidades de distúrbios e transtornos que José deve ter desenvolvido ao longo de sua vida, uma vez que confessou à polícia que vem cometendo crimes sexuais desde os seus 15 anos.
Segundo Sampaio, o primeiro passo seria submeter José a exames psiquiátricos completos, que geralmente são realizados em órgãos oficiais, como pelo Instituto Médico Legal ou Complexo Médico Penal. Somente a partir dos resultados será possível diagnosticar se José pode ou não ser julgado como um indivíduo comum. Para o médico, quando o indivíduo chega ao ponto de matar depois do ato sexual, na maioria dos casos é considerado um sociopata ou psicopata e apresenta o chamado transtorno de personalidade ligado a crimes de sexualidade.
Descontrole
"O número de crimes que cometeu pode indicar que ele não tem controle sobre seu desejo sexual, que é intenso. O impulso pode estar ligado a um fator genético hereditário, pode ser próprio do desenvolvimento biológico da pessoa, ou ligado a fatores familiares ou sociais", diz o médico.
Nestes casos a pessoa também tem dificuldade de controlar a raiva e por isso o criminoso pode matar pelo ódio que sente do outro.
"É uma forma de atacar a sociedade, por isso ele se vinga de suas frustrações sexuais com a criança, dando vazão sua raiva", diz Sampaio.
O médico não descarta a possibilidade de José ter tendências homossexuais. "Pode ser que ele tenha sido abusado quando criança, teve uma frustração sexual muita grande ou é impotente, e por isso só consegue satisfazer seus desejos por vias anormais. Por causa disso ele acaba sentindo prazer apenas quando é contrariado" explica Rui.
Na opinião do especialista, os crimes indicam que dificilmente José irá conseguir se recuperar. "Essas pessoas geralmente têm que passar a vida fazendo tratamentos, pois oferecem sérios riscos à sociedade, tendo que ficar sob custódia", finaliza o médico lembrando que todas as possibilidades levantadas por ele se restringem ao campo da hipótese, uma vez que apenas exames completos poderão diagnosticar o grau de insanidade mental de José.
Sicride apresenta o assassino
A delegada Márcia Tavares, titular do Sicride (Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas) apresentou ontem o maníaco José Airton Pontes, 49 anos. O homem, que já cumpriu 22 de prisão por atentado violento ao pudor e estupro, confessou ter violentado 25 crianças e deixados outras três desacordadas – ele não soube dizer se estas morreram ou não depois da violência sofrida. Os crimes foram cometidos em vários estados brasileiros.
José foi preso no começo do mês de novembro em Marmeleiro, interior do Estado, depois de abusar sexualmente do garotinho Renato Renan Poronizacck, 6 anos, e estrangulá-lo. Trazido a Curitiba, ele confessou ter matado Jéssica Morais de Oliveira, 8, da mesma forma, em junho deste ano.
Ele será indiciado pelo assassinato de Jéssica, respondendo pelos crimes de rapto, estupro e homicídio. Pontes já sofreu quatro condenações uma em Curitiba, em 1975; duas em Lages, SC, em 1988; e uma em Santa Cruz do Rio Pardo, SP, onde ficou detido até 2004.