Depois de passar sete meses com dores intensas em um dos seios, Cristina Paixão Santos Viana, 31 anos, moradora de São José dos Pinhais, descobriu que o incômodo era causado por uma lâmina de bisturi. O objeto foi deixado no corpo dela depois de uma microcirurgia feita pelo médico Sidney José Salvador.

A radiografia, que mostra o objeto no corpo de Cristina, já está nas mãos do delegado do 1.º Distrito Policial, Luiz Alberto Cartaxo de Moura, que irá instaurar inquérito policial por negligência médica. O advogado do Conselho Regional de Medicina, Martin Palma, afirmou que uma sindicância interna também será aberta e, se o erro for confirmado, o médico poderá ter o registro profissional cassado.

Segundo o esposo de Cristina, José Maria Ferreira Viana, assim que ela deu à luz na Maternidade Nossa Senhora do Rosário, em Curitiba, no dia 17 de março do ano passado, a mulher teve dificuldades para amamentar. ?Ela teve infecção em um dos seios, não conseguia retirar o leite e a mama começou a inchar?, explicou José.

No dia 9 de abril, Cristina retornou ao hospital e o médico acusado acreditou que o problema seria resolvido com uma drenagem no local. Entretanto, depois de operá-la, ele esqueceu a lâmina do bisturi no corpo dela. A paciente, que foi liberada no mesmo dia, percebeu que a dor não cessava, acreditando ser conseqüência natural do pós-operatório. Durante sete meses, diariamente Cristina fazia curativos para conter as secreções do corte, que não cicatrizava. Ela chegou a procurar outros médicos, mas de nada adiantou. ?Eles receitavam apenas analgésicos e, assim ela foi agüentando a dor. Só quando não suportou mais, Cristina foi a um postinho de saúde em Borda do Campo e o médico pediu uma mamografia?, contou o marido dela.

Susto

Assustada, com a radiografia nas mãos, Cristina foi até o Hospital de Clínicas, em Curitiba, e pediu para que algum médico retirasse o objeto, mas os profissionais negaram-se a fazer a cirurgia. José Maria disse que a mulher foi obrigada a procurar o médico acusado, Sidney José Salvador, e ser novamente operada por ele. O objeto foi retirado no dia 17 de dezembro. ?Nós tivemos muito medo, pois temíamos que ele fizesse algo errado novamente. O problema foi que não tivemos outra opção?, lamentou o homem.

A família teme que Cristina tenha novas complicações, já que o objeto retirado já havia oxidado dentro do corpo dela.

Alguns dias depois, a irmã de Cristina retornou ao hospital e pediu para levar a lâmina para casa, mas o enfermeiro negou-se a devolvê-la. As demais vias da radiografia, que registraram outros ângulos do objeto no corpo, e outros exames ficaram retidos com o médico acusado.

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