Depois de passar parte de sua vida profissional cuidando de bandidos, o médico aposentado Edson de Souza Motta Paes, 60 anos, morreu pelas mãos de assaltantes. O homem tentou impedir que sua residência fosse roubada trocou tiros com os marginais, pouco depois das 22h de quarta-feira, e morreu na sala da residência, na Rua General Daltro Filho, Jardim Los Angeles, Seminário. Edson já havia trabalhado na Penitenciária Central do Estado.
O médico estava de pijamas e assistia televisão quando sua mulher chegou em casa. Ao descer do carro para abrir o portão ela foi surpreendida por um dos assaltantes e levada para o segundo pavimento da residência, acompanhada por outro bandido. No quarto da empregada, ela foi mantida refém junto com a doméstica. "Durante toda a ação, um deles mantinha contato por celular com uma terceira pessoa, descrevendo, passo a passo, o andamento do assalto", comentou o delegado-titular da Delegacia de Furtos e Roubos, Rubens Recalcatti.
Tiroteio
O barulho feito pelos bandidos foi ouvido pelo médico de seu quarto, no terceiro pavimento. Apressadamente, ele carregou seu revólver, calibre 38, e saiu em socorro das duas mulheres, deixando no chão a caixa da arma. Edson desceu as escadas e o tiroteio teve início. As marcas e projéteis foram recolhidos nas paredes do quarto da empregada e na lareira da sala do segundo andar.
Edson foi morto com quatro tiros que o atingiram na cabeça, no braço, no peito e nas costas. "Alguns disparos foram dados de cima para baixo, indicando que a vítima estaria abaixada quando foi baleada", comentou a perita Jussara Joeckel, da Polícia Científica, em levantamento preliminar. Também havia indícios que um dos assaltantes tinha sido baleado. Do revólver pertencente ao médico foi possível detectar que quatro projéteis foram disparados.
Ferido
Com a pista do possível ferido, o tenente Maikon do 12.º Batalhão da Polícia Militar e o delegado Recalcatti se deslocaram até o Hospital do Trabalhador para verificar quem era o baleado que havia sido internado. Graças ao rápido trabalho das polícias Civil e Militar, uma mulher – prenome Eliane – foi detida na saída do hospital. Ela havia levado o indivíduo baleado para receber atendimento médico e o internou com o nome falso de Ronaldo. Entretanto, o nome fornecido pertence ao irmão da mulher, que tem 14 anos.
Recalcatti informou que o indivíduo ferido é um dos assaltantes que matou o médico. Ele foi baleado na barriga e até o final da manhã de ontem não havia sido identificado oficialmente. Um papiloscopista foi até o Hospital do Trabalhador para retirar as digitais do ferido, que continua internado.
Eliane é oriunda de São Paulo e o delegado acredita que o ferido também seja daquele estado. Devido ao favorecimento prestado ao assaltante, a mulher permaneceu detida para ser interrogada.
O delegado ressaltou que o outro marginal responsável pelo assalto foi descrito como moreno, alto, forte, e com idade entre 20 e 25 anos. Ainda há um terceiro indivíduo que conhecia a residência do médico e que repassava informações à dupla invasora, por telefone celular. Diante da troca de tiros, os bandidos fugiram sem nada levar.