O caso foi levado ao conhecimento da Corregedoria da Polícia Civil e também da Procuradoria Geral de Justiça, pelo advogado Dálio Zippin Filho, representante da Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), do seção Paraná. Até agora não houve nenhuma resposta para o pedido de afastamento dos policiais e apuração detalhada dos fatos. Carlos ainda caminha com dificuldade, sente dores intensas por todo o corpo e está traumatizado. “Jamais pensei em passar por uma situação tão humilhante e violenta como esta”, disse ele.
Prisão
Dono de uma oficina mecânica em Pinhais – estabelecimento herdado do pai – Carlos estava indo para o trabalho de motocicleta quando, foi abordado por uma equipe de policiais da DFR. “Eles disseram que eram da polícia, então encostei para mostrar meus documentos”, afirmou a vítima. No entanto, sequer chegou a ser revistado. “Eles me jogaram no camburão e me levaram para a delegacia, sem explicar nada”, contou.
No xadrez da DFR Carlos foi obrigado a ficar nu e imediatamente passou a sofrer espancamentos. “Eles me judiaram demais. Eu urrava de dor e mesmo assim não tiveram pena de mim. Cheguei a oferecer minha moto para que eles parassem de me bater, pois eu não sabia de nada sobre roubo de cargas”, revelou a vítima.
Horas mais tarde um dos policiais que o agrediu acabou por soltá-lo. Chamando-o de vagabundo, disse que nada tinham conseguido apurar contra ele. Ao retrucar que iria provar que era inocente, ainda recebeu mais alguns tapas no rosto. Solto pela porta dos fundos, depois de caminhar tropegamente por alguns metros, foi obrigado a voltar e lhe devolveram a moto. “Um deles tinha voltado até o local onde a moto havia ficado e a apreendeu”, contou.
Providências
Como tem um parente que é policial militar, Carlos contou a ele o que lhe havia acontecido. Na mesma noite o PM o levou novamente à delegacia para denunciar a agressão. O delegado titular da DFR, Gerson Machado, o atendeu e determinou que outro delegado tomasse suas declarações, expedindo uma guia para exame de lesões corporais no Instituto Médico Legal. O caso então foi encaminhado à Divisão de Polícia Especializada, para que alguma providência fosse tomada. “Não foi instaurado inquérito na delegacia para não parecer protecionismo. Vamos deixar que outro órgão apure todos os fatos e se forem verdadeiros, que os policiais responsáveis pelo abuso sejam punidos”, afirmou o delegado Machado.
Posteriormente, Carlos também procurou a OAB e fez sua denúncia à Comissão de Direitos Humanos. “O rapaz tem condições de reconhecer todos que o agrediram e acreditamos que eles serão processados por crime de tortura”, afirmou Zippin Filho. Carlos precisou mudar de endereço e diz que teme sofrer represálias, mas que irá até o fim na sua denúncia, para que outros inocentes não passem pelo mesmo que ele passou.