Além de sofrer com a dor do assassinato da filha – grávida de cinco meses – Odete Gatner de Souza, 49 anos, sofre agora com as ameaças feitas pelos criminosos, que continuam soltos. Depois de fazer uma manifestação por justiça, no último sábado – exigindo a prisão dos autores da morte da jovem Indianara Gatner de Souza, 23, ocorrida em setembro, no município de Colombo, Odete e sua outra filha passaram momentos de pânico. Na madrugada de segunda-feira elas foram intimidadas com tiros disparados para o alto, ao lado da casa; pedras foram arremessadas na residência e também houve tentativa de arrombamento nas janelas.
De acordo com a mãe da jovem, os dois menores e o indivíduo acusado de praticar o crime estão soltos e moram perto de sua casa. "É um absurdo eles estarem livres. Nós já falamos com a polícia várias vezes, inclusive eu e a minha filha chegamos a ser expulsas da delegacia, pois íamos lá todos os dias pedir por justiça. Nunca conseguimos conversar com o delegado", disse Odete.
De acordo com o superintendente da delegacia do Alto Maracanã, Valdir Bicudo, o menor que confessou ter atirado na jovem foi ouvido e liberado depois de se apresentar na delegacia com o pai e advogado. "Ele estava fora do período de flagrante. Nós encaminhamos o caso ao Ministério Público, mas se ele não foi apreendido a culpa não foi da polícia", justificou o superintendente.
O outro menor acusado de participação no assassinato ainda não foi encontrado pelos investigadores, apesar de a família da vítima garantir que já ligou para delegacia avisando onde ele poderia ser encontrado. O terceiro envolvido, conhecido por Leandro, foi ouvido pela polícia e liberado por falta de provas de ter participado do crime. "Se a família está sendo ameaçada ela deve vir à delegacia e registrar uma ocorrência. Só assim nós podemos fazer diligências à noite no local, pois é impossível fazer uma segurança 24 horas, uma vez que não temos investigadores suficientes", disse Bicudo.
Indianara serviu de escudo a bandido
Indianara foi morta com um tiro no peito, no dia 19 de setembro, ao ser usada como escudo por Fernando Alexandre Ribeiro, 18. Ela caminhava pela Rua Antônio Frazão, em Colombo, rumo à sua casa, enquanto os dois menores, Leandro e Fernando discutiam. Fernando então apanhou a jovem e a colocou na sua frente. Os dois foram baleados, mas ele sobreviveu.
Segundo Odete, na noite do crime a jovem saiu da loja de materiais de construção, em Curitiba, onde trabalhava como promotora de vendas de cerâmicas e azulejos, e passou na sua casa. "Todas as noites ela vinha me dar um beijo antes de ir para casa. Minutos depois que saiu daqui vieram me contar que ela tinha sido baleada. Corri para lá e entrei com ela na ambulância do Siate. Minha filha não se mexia, apenas pedia para que eu a ajudasse. Antes mesmo de chegar no hospital ela fechou os olhos e ficou gelada. Nunca mais vou esquecer daquela cena. Minha filha morreu nos meus braços", finalizou Odete. Segundo Bicudo, 14 pessoas já foram interrogadas e nos próximos dias a polícia pretende ouvir Fernando para apurar mais informações sobre o crime.