Convencido pelos membros da igreja evangélica que freqüenta, André Pereira Lemos, 21, o "Andrezinho" que até então não tinha antecedentes criminais, entregou-se à polícia na manhã de ontem, assumindo a autoria de um duplo assassinato, cometido em 17 de junho do ano passado. Ele diz que estava morando em Rio do Sul, cidade de seus familiares, e trabalhando na olaria de seus parentes, quando resolveu voltar. e entregar-se na delegacia de Campina Grande do Sul.
No dia nove de junho, a família Harz teve alguns pertences, entre eles armas, dinheiro e uma moto, furtados da residência, em Campina Grande do Sul. Menos de dez dias depois, em 17 de junho, André passava em frente à casa dos Harz, quando uma pessoa o avistou e gritou, avisando que era aquele o rapaz que tinha roubado a moto. Segundo André, ele caminhava pela rua em direção a uma clínica de tratamento de dependência química, em Campina Grande do Sul, onde ia diariamente para se tratar. Então Antônio Harz, 58 anos, armado, junto com seu filho, Valdegir Harz, 27, saíram da casa intimando o rapaz.
Na versão de André à polícia, ele diz que se assustou quando foi agarrado pelas costas, e quando percebeu, Antônio apontava-lhe uma arma. No meio da briga, o revólver disparou e acertou-o de raspão o braço. Nesse momento "deu um branco" e ele não soube mais o que estava fazendo. Só lembra de ter arrancado o revólver da mão de Antônio e ter atirado contra pai e filho, que morreram.
André correu voltando pela Rodovia do Caqui, roubou a bicicleta de um homem e fugiu. No trevo de entrada para Campina Grande do Sul, na BR-116, onde existe um barracão abandonado, ele teria jogado o revólver dentro da empresa e continuou fugindo de bicicleta. André confessa o duplo homicídio, mas diz não ser ele o autor do furto da motocicleta e demais materiais da residência.
A polícia agora irá até o local onde André diz ter jogado o revólver, para verificar se a arma ainda está lá. "Se ela caiu para fora da grade da empresa, pode ser que alguém a tenha encontrado. Mas se caiu para dentro, é bem provável que ainda esteja, pois o local está bem cercado e ninguém entra, além de o mato estar bem alto. Se encontrarmos a arma e ela estiver em nome da vítima, do Antônio, ou de outra pessoa da família, acreditamos na história do André de que ele agiu em legítima defesa", disseram o escrivão Nei e o investigador Gabardo, da delegacia de Campina Grande.
A polícia local pede que se alguém encontrou o revólver no local indicado, que o entregue anonimamente à polícia, para que a verificação da versão dada por André seja feita.