Anderson Tozato |
No sepultamento de Phillip, lágrimas e revolta. |
Em meio a lágrimas, dor e revolta, o jovem Phillip Alan Cardoso de Lima, 14 anos, foi sepultado na tarde de ontem, no cemitério Padre Pedro Fuss, em São José dos Pinhais. O adolescente foi morto com tiro certeiro no coração, na tarde de terça-feira, disparado acidentalmente pelo próprio primo, da mesma idade. Este tentou socorrer Phillip, mas ao perceber a gravidade da situação, fugiu com a arma do crime. Até o início da noite de ontem, ele permanecia foragido, deixando a família com medo de que uma nova desgraça ainda esteja por vir.
De acordo com os familiares da vítima, o assassinato aconteceu por volta das 16h, quando Phillip estava jogando vídeo-game com um amigo de 16 anos. Os dois estavam no quarto do adolescente, quando o primo da vítima chegou para brincar com eles. Alguns minutos depois, o amigo de Phillip resolveu ir embora e os três foram até a garagem da casa, na Rua Danilo Bortolin Precoma, bairro Cidade Jardim. Lá, a vítima e o amigo começaram a brincar de luta e o primo foi até o quintal apanhar a arma, que teria escondido antes de entrar na casa. Ele então apontou o revólver para Phillip, que teria dito: "pare com isso!". O garoto então efetuou o disparo e, depois, tentou socorrê-lo, mas ao ver que o adolescente estava gravemente ferido, fugiu do local. O amigo, que presenciou a tragédia, correu em busca de socorro, e a vítima foi levada pelo Siate até o hospital do município. Porém, antes mesmo de descer da ambulância, Phillip já estava morto.
A mãe dele, Alice Cardoso, 41, que trabalha como empregada doméstica, estava voltando para casa quando viu a ambulância seguir para o hospital. O pai do menino, Luiz Antônio Pereira de Lima, da mesma idade, que trabalha como mestre de obras, ainda estava no serviço quando aconteceu a fatalidade. O outro filho do casal, de 11 anos, também não estava em casa. "Acreditamos que tenha sido um acidente, mas o que quero descobrir é quem forneceu a arma para meu sobrinho", disse desolado o pai da vítima.
Enterro
A mãe do garoto que efetuou o disparo é irmã de Alice. Ela foi ao enterro do sobrinho, e bastante abalada teme agora pela vida de seu filho. Pessoas disseram que o viram bastante perturbado, perambulando pelo município, mas até ontem ele ainda não tinha dado notícias. A família teme que ele tente cometer suicídio, uma vez que levou o revólver usado para matar o primo. "Eu fui mãe de leite dele e a minha irmã foi do meu filho. Os dois têm um mês de idade de diferença, e foram criados como irmãos. A família nunca mais será a mesma", disse a mãe de Phillip.
O garoto, que cursava o 1.º ano do ensino médio e aulas de informática, era considerado o parceiro do pai. "Ele perdeu um amigo. O Phillip sempre chamava o pai para fazer tudo, varria a cozinha para a mãe dele, lavava a louça, era um ótimo aluno e só saia de casa para estudar. Aonde vamos parar? Quem poderia imaginar que ele iria morrer dentro de casa, assassinado por um parente", lamentou outro primo da vítima, Marcelo Luiz, 36.
Diferente de Phillip, o adolescente que cometeu o crime já esteve detido na delegacia local e, segundo familiares, é usuário de drogas. De acordo com os parentes e amigos da vítima, o adolescente costuma consumir os entorpecentes na casa de um outro menor, situada no mesmo bairro, que também coleciona armas. "Ele tem várias armas e acreditamos que tenha fornecido a que foi usada para matar Phillip. A polícia já foi lá diversas vezes, mas nunca o prendeu porque, segundo comentários, ele paga aos policiais. Queremos justiça, queremos saber quem entregou a arma para um menino de 14 anos", finalizaram os familiares.