Ironicamente, um grafite no muro da casa clamava por paz. |
A falta de malícia e o bom coração para ajudar os necessitados foi fatal para a aposentada Maria Trindade de Andrade, 71 anos. Com requintes de crueldade ela foi assassinada com mais de 16 facadas, no início da madrugada de sábado, em sua casa, na Rua João Maria Ribas, Santa Quitéria. O criminoso levou o televisor, o videocassete e o dinheiro que havia na carteira da mulher. Depois do assassinato ele fugiu, deixando a casa aberta. Horas mais tarde, a polícia chegou até o autor da barbárie, que confessou o crime e foi preso pela equipe de investigadores do delegado Edson da Costa, da Delegacia de Furtos e Roubos.
Por volta das 7h30 de sábado, um dos pedreiros, responsável pela reforma na casa da vítima, chegou para dar continuidade às obras no fundo da residência. Segundo o relato dele aos policiais militares, o portão estava aberto e a porta da sala também. Ele estranhou o fato e chamou por Maria Trindade. Sem resposta, o homem entrou na moradia e encontrou a casa revirada. No quarto, ao lado da cama, ele viu o corpo da mulher perfurado por vários golpes de faca, com as vísceras para fora. "Foram pelo menos 14 facadas na barriga, e outras no pescoço e no peito. Deram muitas nos braços e nas mãos, enquanto ela provavelmente tentava se defender", disse a perita Jussara Joeckel, da Polícia Científica.
Ainda de acordo com a perita, o assassino foi frio e calmo para cometer o crime. "O autor atacou a mulher na cozinha, no início da madrugada. Depois ele a arrastou para o dormitório e tentou colocar o corpo embaixo da cama. Ele teve calma e tempo, pois revirou toda a casa, provavelmente à procura de dinheiro", relatou Jussara, lembrando que a carteira da vítima estava jogada, rasgada e vazia.
Chocado com a cena, o pedreiro comunicou os familiares da aposentada, que ficaram inconformados com tamanha crueldade. "Quando cheguei para trabalhar o filho dela estava desesperado e falou: ?Venha ver o que fizeram com a minha mãe", contou Nair dos Santos Escolaço, vizinha da vítima.
Preso
Segundo o delegado Rubens Recalcatti, titular da Delegacia de Furtos e Roubos, a primeira pista para chegar até o assassino foi o encontro de uma calça suja de sangue. Algumas pessoas reconhecerem o dono da roupa e os policiais o localizaram. A princípio, o acusado negou a autoria. Já detido, ele confessou o assassinato e levou os investigadores até o local onde escondeu a faca. Na tarde de ontem, Recalcatti não forneceu mais informações sobre o autor do crime, revelando apenas que se trata de uma pessoa do convívio de Maria. O autor será apresentado hoje na delegacia especializada, quando o delegado irá fornecer detalhes sobre os motivos do crime e como a polícia chegou até ele.
Idosas são alvo de marginais
Maria Trindade costumava dar comida para mendigos e distribuía doces e quitutes para a vizinhança. Ela freqüentava a Igreja Presbiteriana e era conhecida por gostar de ajudar pessoas carentes. O seu assassino é uma pessoa do convívio dela.
O perfil de Maria Trindade é típico das vítimas que, nos últimos dias, revelaram-se as preferidas dos marginais. De acordo com o delegado titular da Delegacia de Furtos e Roubos, Rubens Recalcatti, as mulheres idosas são mais ingênuas. "Os criminosos se aproveitam da fragilidade e da bondade delas", afirmou o delegado.
Este é o terceiro caso de latrocínio envolvendo idosas em menos de um mês. Em 26 de abril, Cacilda Fagundes da Silva, 62, foi asfixiada dentro de sua casa, no Cajuru. No dia 21 do mesmo mês, professora de música Hela Gilda Wall Epp, 60, foi seqüestrada e assassinada.