Um idoso foi morto a pauladas pelo próprio inquilino, que arquitetou o crime juntamente com um amigo para roubar R$ 5 mil da aposentadoria da vítima, guardados debaixo do colchão. O corpo de Vitor Alves Moreira, 80 anos, foi encontrado no início da tarde desta terça-feira (22), na cozinha da casa onde ele morava sozinho, na Rua Coudelaria de Tindiquera, no bairro Sabiá, em Araucária. A polícia já havia detido o filho do idoso como suspeito, quando o verdadeiro assassino chegou de carona com um primo. Diego Bembem, 18, que morava no mesmo terreno, confessou participação no crime. A polícia procura agora por seu comparsa.

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Diego é enteado de Paulo Alves Moreira, 37, o “Paulinho”, filho de Vitor. O jovem inquilino, neto “postiço” do idoso, morava numa casa aos fundos, enquanto que “Paulinho” morava no terreno ao lado. Na residência de Diego, os policiais encontraram um tênis com manchas de sangue, o que fez recair as suspeitas sobre ele. Quando a polícia chegou ao local do crime, logo deteve o filho de Vitor como suspeito, e começou a procurar por Diego. Porém, para surpresa de todos, o jovem voltou à cena do crime de carona com o primo, num Gol vermelho com placas de Ponta Grossa.

De acordo com o primo, Diego voltou ao endereço para pegar uns documentos, pois aparentemente havia sido demitido do trabalho e precisava acertar sua saída da empresa. Diante dos indícios encontrados na casa, o garoto foi algemado, preso e confessou seu envolvimento no assassinato. Ele ainda revelou que seu amigo Valdinei Carvalho dos Santos, 33, foi quem desferiu as pauladas e estava atrás do dinheiro que o idoso guardava debaixo do colchão e no paletó. “Ele disse que sabia que Valdinei queria matar o idoso para ficar com o dinheiro, que ele estava juntando para ir ao Paraguai fazer as compras de Natal”, contou o soldado Valegura, do 17º Batalhão da PM.

Rapidamente, policiais militares e civis foram até a casa de Valdinei, que fica a poucas quadras de onde o idoso morava, porém não localizaram o suspeito. Na residência, encontraram uma televisão roubada da vítima e papelotes de cocaína. Sem conversar com a imprensa nem mesmo esboçar reação, Diego foi algemado e encaminhado à delegacia. A polícia acredita que o dinheiro roubado esteja com Valdinei.

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Crueldade

A polícia estima que o crime ocorreu entre as 21h e 22h de segunda-feira. Paulo contou aos investigadores que foi até um bar acompanhado do enteado. O filho da vítima voltou para casa embriagado, deixando Diego no bar. Em casa, ele caiu na cama e, inebriado de sono, não ouviu os pedidos de socorro do pai que gritava: “socorro, Paulinho!”. Os berros e o barulho de móveis sendo arrastados foram ouvidos por uma vizinha.

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O idoso ainda tentou lutar com os assassinos, apesar de sua fragilidade, como constatou a perícia. “Na casa havia muitos móveis desalinhados, dando a impressão que estavam à procura de algum objeto de valor ou dinheiro. A impressão é que houve reação da vítima, já que há vários respingos de sangue na cozinha”, descreveu a perita Gisele.

“Paulinho” acordou por volta das 8h e estranhou que seu pai não havia despertado ainda. Ele bateu à porta, mas não foi atendido, e então foi verificar se a chave estava escondida no relógio de luz, onde seu pai costumava guardá-la. A chave não estava lá. Nervoso, “Paulinho” pediu ajuda ao vizinho e, quando os dois arrombaram a porta, encontraram o idoso morto na cozinha, com o rosto desfigurado. Como os chinelos de “Paulinho” ficaram sujos de sangue, ele foi detido e seria levado à delegacia para prestar depoimento. “Era ele quem cuidava do pai, quem lavava suas roupas. O mal dele foi recolher gente dentro de casa que ele não conhecia direito”, disse uma conhecida da família, apontando para “Paulinho”, que se deu conta que levou o inimigo – que ele considerava como filho – para casa do pai e não conseguiu segurar o choro. Com a confissão do jovem, ,”Paulinho” foi liberado.

Choque

O crime covarde chocou familiares e vizinhos da vítima. “Mataram o tio Vitor. Você acredita numa barbaridade dessa?”, falava um parente pelo celular. A filha da vítima também estava desolada em frente à casa do pai e chegou a pedir ajuda ao irmão. “Você tem que me ajudar. Não pode ficar quieto”, disse.

Vizinho de Vitor há mais de três décadas, um idoso de 83 anos foi até o portão da casa do amigo. Disse que Vitor era viúvo, aposentado da prefeitura e tinha problema de saúde. “Hoje (ontem) ele ia buscar remédio no posto, mas deu meio-dia e nada de sinal dele”, lamentou.

Idosos na mira dos bandidos

Vitor é o quinto idoso morto em assalto em menos de um mês, em Curitiba e região. Na sexta-feira (18), José Vidal, 78, foi assassinado com um golpe de facão no pescoço por marginais que invadiram sua residência no Jardim das Graças, em Colombo. José morava sozinho e seu quarto também estava revirado. No local do crime, surgiram comentários de que a vítima guardava dinheiro em casa. A delegacia do Alto Maracanã investiga o caso, mas até agora ninguém foi preso.

No dia 11, o casal Benigno Esmaniotto Victor, 84, e sua esposa Tereza Maria Esmaniotto, 75, foram agredidos até a morte na garagem da casa onde moravam no Xaxim. A Delegacia de Homicídios traçou várias linhas para investigar o crime, mas a principal delas é que o casal foi vítima de latrocínio, já que o quarto deles estava revirado.

Em 23 de outubro, Júlio Fernando Scheid, 63, foi encontrado morto, com um tiro nas costas e outro na cabeça, em uma plantação na Rua da Pedreira, no Butiatuvinha. A polícia informou que ele foi vítima de assaltantes, porque seu carro foi roubado.

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