A primeira ação externa da Operação Mãos Limpas, criada para o combate do crime organizado e da corrupção, foi direcionada a uma das regiões com maior índice de violência e criminalidade, na Região Metropolitana de Curitiba. A operação contou com a integração das Polícias Civil e Militar, o Ministério Público e o Judiciário e foi executada na tarde de anteontem, na Vila Zumbi dos Palmares, em Colombo.
O saldo positivo da ação foi relatado ontem, durante reunião semanal da Operação Mãos Limpas, sob a coordenação do governador Roberto Requião. O secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, classificou a atuação integrada das duas polícias como uma megaoperação que resultou na abordagem de quatrocentas pessoas, visitas-surpresa a 28 bares, dos quais onze foram fechados por irregularidades, e vários veículos apreendidos. Todos os atos da polícia tiveram o apoio de mandados de busca e apreensão, emitidos pelo Poder Judiciário.
Delazari informou ao governador que outras operações como essa serão desencadeadas nas regiões mais críticas do Estado. “Faremos outras operações similares, primeiramente em Curitiba e região, como ações-piloto. Depois atuaremos dessa forma em outras cidades”, declarou.
O presidente da Associação dos Magistrados do Paraná, Roberto Portugal Bacelar, ressaltou que estão sendo trabalhadas soluções para curto, médio e longo prazos. “Estamos ouvindo as autoridades do interior, para conhecer a realidade de cada cidade e assim direcionarmos alguma ação”, completou. Bacelar participa semanalmente das reuniões do Mãos Limpas.
Integração
A reunião desta semana, contou com a presença do jornalista Abdo Kudri, presidente da Associação de Proprietários de Jornais e Revistas do Paraná. Kudri disse que ficou impressionado ao ser informado que 50% das 11 mil ligações que o telefone de emergência 190 recebe por dia são trote ou tratam de outros assuntos, como assistência e atendimento à parturientes. “A imprensa pode ajudar com uma campanha educativa para evitar a irresponsabilidade do trote”, afirmou. O jornalista destacou ainda que a imprensa tem interesse em dar apoio total às ações à Operação Mãos Limpas.
Requião discutiu com os integrantes da reunião a unificação dos boletins de ocorrência, como uma das medidas para agilizar os processos policiais. Da forma como ocorre atualmente, a Polícia Militar faz o atendimento e redige um primeiro boletim, com um número. Em seguida, a ocorrência é repassada à Polícia Civil, que abre um segundo boletim, com outro número.
Os boletins serão unificados. Depois de abertos pela PM, que faz o atendimento inicial, ele segue para a PC que acrescenta as informações de sua competência. Com isso, as autoridades policiais e judiciárias podem ter acesso a um número maior de informações, que muitas vezes são desencontradas em função de estarem separadas em dois boletins.
Concurso
Durante a reunião da Operação Mãos Limpas, o governador Requião determinou a abertura de um processo seletivo para ocupar 730 vagas de agentes penitenciários, que serão alocados para as penitenciárias estaduais de Ponta Grossa e Metropolitana, em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba.
O governador pretende abrir essas duas penitenciárias no prazo máximo de 90 dias. De acordo com o secretário de Justiça, Aldo Parzianello, as duas penitenciárias vão criar 880 vagas, o que deverá desafogar em parte o processo de superlotação nas delegacias de Polícia Civil.
Outra medida determinada pelo governador foi a construção de Casas de Custódia de médio porte para ajudar a desafogar a superlotação nas cadeias públicas. Para Requião, a construção de casas de custódia de porte mais simples são mais baratas que as penitenciárias com infra-estrutura de alto custo.
O governador determinou ainda a agilização da substituição dos delegados calças-curtas. De acordo com o comandante da Polícia Militar, coronel David Pancotti, 170 sargentos, a maioria com curso superior, já estão em condições de ser nomeados para ocupar as funções de delegados nos municípios de pequenos porte. Pancotti acredita que em 15 dias será possível ao governador fazer as primeiras nomeações.
Outro assunto discutido durante a reunião, foi a disponibilização do acesso do Ministério Público e do Poder Judiciário às informações do Instituto de Identificação do Paraná. De acordo com o diretor, Luiz Fernando Artigas, o órgão possui informações de registro civil e criminal, que podem agilizar os julgamentos por parte do Judiciário e auxiliar o MP nas investigações. Com uma senha eletrônica esses órgãos poderão ter acesso às informações a qualquer momento, via Celepar.