Mantendo a segurança em condomínios

Muros altos e um megassistema tecnológico não garantem por completo a segurança em condomínios residenciais, tanto verticais quanto horizontais. O projeto das construções e o comportamento dos moradores são fatores essenciais para evitar que criminosos consigam entrar no condomínio e praticar assaltos, roubos e furtos. Cuidados no momento de planejamento da obra e na rotina dos moradores podem frustrar muitas tentativas.

O tenente-coronel da Polícia Militar, Roberson Luiz Bondaruk, coordenou uma pesquisa sobre a importância do planejamento urbano e dos aspectos arquitetônicos na prevenção de crimes. Uma das constatações foi que o maior problema é o comportamento dos moradores do condomínio. ?A vida em comunidade está esquecida e ela é essencial na prevenção de crimes. Um sistema de monitoramento e segurança avançado pode não funcionar se os moradores não adotam o comportamento correto?, afirma. Um exemplo disso são os serviços de entrega. ?Se é permitido chegar até a porta do apartamento, isto pode estar minando todo o sistema. Se o entregador não é um bandido, ele pode ser um observador, que repassa informações para criminosos.?

Outra questão muito importante é o treinamento dos funcionários. Empregados com conhecimento na prevenção de crimes podem custar mais caro na hora de contratar. Porém, muitos condomínios preferem contar com um porteiro que está condicionado a apenas abrir e fechar o portão.

Bondaruk pesquisou as 101 residências e os 100 pontos comerciais mais atacados por ladrões em Curitiba e ainda contou com entrevistas com criminosos presos. Foi detectado que ladrões dependem da oportunidade para cometer os crimes. E, além do comportamento dos moradores, alguns aspectos arquitetônicos facilitam a ação dos criminosos. O mesmo acontece nos condomínios. ?Um dos problemas, por exemplo, é a entrada de veículos. Normalmente, os projetos prevêem as garagens no canto do terreno, sem a observação direta da portaria. Um bandido pode render alguém entrando na garagem ou ainda entrar em uma brecha do tempo do portão eletrônico?, conta.

Ao contrário do que muitos pensam, o muro alto pode ser um complicador para a segurança. Criminosos preferem locais com muros porque impedem que alguém os veja de fora da propriedade. O melhor é optar pelas grades, segundo a pesquisa. Hoje em dia, de acordo com o tenente-coronel, os arquitetos e engenheiros estão mais atentos às diferenças no projeto que podem ajudar na segurança.

Sistemas buscam dificultar ação de bandidos

Conhecer a arquitetura, a rotina dos funcionários, o comportamento dos moradores e a vizinhança são aspectos que devem ser estudados antes da colocação de um sistema de segurança no condomínio. ?Hoje se enxerga segurança apenas como tecnologia. Câmeras e alarmes viraram itens obrigatórios. Mas, às vezes, a estrutura não é correta para isto?, conta o especialista em segurança David Fernandes, um dos poucos brasileiros a receber o certificado na área reconhecido mundialmente. ?As câmeras podem ser colocadas, mas existe um procedimento com elas, com o porteiro observando, um sistema de senha e contra-senha no caso de suspeitas. Por isso, muitos condomínios são assaltados mesmo contando com aparatos tecnológicos.?

Fernandes aponta ser essencial o auxílio de um especialista para definir o projeto de segurança do condomínio. O especialista esclarece que segurança nunca é 100%. O que se faz é dificultar a ação dos bandidos. ?Se o criminoso conseguir entrar no condomínio, tem que diminuir as oportunidades dele. E a polícia deve sempre estar envolvida.?

Novidades

Na área tecnológica, existem muitas novidades. São circuitos de TV, alarmes, cercas elétricas, comunicação interna, detectores de presença. Mas a atual vedete é a identificação biométrica, um sistema que utiliza o corpo humano para reconhecer o operador do equipamento. Um morador pode ser autorizado a entrar pela íris, pelo rosto ou pelas digitais.

O diretor do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP), Sérgio Meira, lembra ainda de um alarme que toca em todos os apartamentos ou unidades do condomínio. ?No caso de um arrastão, qualquer funcionário pode apertar o botão que dispara esse alarme por um controle remoto. Os moradores são avisados de que há algo errado. Então, quem está dentro não sai e quem está fora não entra. Além disso, avisa o ladrão de que a presença dele é conhecida.? (JC)

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