A Delegacia de Furtos e Roubos (DFR) investiga o roubo em um edifício – realizado por uma quadrilha composta por cerca de 10 pessoas e comandada por uma mulher -, na Rua Marechal Otávio Saldanha Mazza, Capão Raso, na tarde de segunda-feira. Dois apartamentos do edifício foram invadidos pelos marginais e nove vítimas tiveram pertences roubados. Como poucos objetos foram levados pela quadrilha, a polícia acredita que há um outro motivo para a ação. "O objetivo não era roubar o prédio. Estamos investigando qual seria", afirmou o delegado Rubens Recalcatti. As vítimas registraram a ocorrência na DFR e, a partir das características dos ladrões, será solicitada a confecção de retratos falados.
O crime foi muito bem articulado para que rendesse tão pouco aos assaltantes, segundo a polícia. Integrantes da quadrilha encontraram um apartamento, no edifício, que estava para alugar e entraram em contato com a imobiliária, solicitando uma visita. Às 14h de segunda-feira, dois homens se encontraram com a corretora em frente ao edifício. Quando todos entraram, os indivíduos sacaram suas armas e renderam a corretora, o zelador e o porteiro do prédio. A porta do edifício foi aberta para que os demais participantes do grupo – comandados por uma mulher – pudessem entrar.
Todos os moradores que passavam pela portaria – entrando ou saindo do prédio – eram rendidos pelos bandidos. Eles entraram em apenas dois apartamentos, tendo tempo e oportunidade de roubar o que quisessem. Mesmo assim, levaram apenas celulares e documentos pessoais das vítimas. Para escapar, a quadrilha roubou três veículos do estacionamento do prédio (Pálio, Kadett e Córdoba) que foram abandonados a poucos quilômetros dali.
Investigação
Alguns detalhes chamaram a atenção dos policiais sobre esse roubo. A estrutura da quadrilha era muito grande para um delito sem muito ganho e para o qual houve toda uma preparação, inclusive com a preocupação de achar um apartamento para locar no edifício, visando facilitar a entrada da quadrilha. A maioria dos marginais estava armada com pistolas ou revólveres e utilizava rádios comunicadores.
Outro detalhe foi contado pelo delegado Gil Tesserolli, que investiga o caso. Segundo ele, alguns marginais falavam para as vítimas: "Não queremos roubar nem dinheiro, nem nada".
O que motivou o crime ainda é um mistério para a polícia. O delegado descartou qualquer relação entre esse roubo e o ocorrido em um edifício no Alto da XV, na semana passada. "São casos distintos", disse Recalcatti.
Divulgado retrato falado de criminosos
De acordo com as características passadas pelas vítimas à polícia, um dos homens teria 30 anos, cor de jambo, cabelo e olhos pretos, e cerca de 1,80m. Este, apontado como o mais agressivo de todos, vestia terno e portava um revólver calibre 38. O outro teria cerca de 20 anos, 1,86 m, moreno escuro, cabelo preto raspado e olhos escuros. Por fim, o terceiro aparentava ter 23 anos, 1,70m, loiro, pele clara e olhos castanhos. Ainda de acordo com as testemunhas, dois integrantes tinham forte sotaque paulista e todos estavam bem vestidos, com ternos ou jaquetas. "Nós já temos informações sobre o bando, mas vamos mantê-las em sigilo para não afugentá-lo", disse o delegado.
Roubo
O assalto aconteceu no último dia 9, no edifício situado na Rua Conselheiro Araújo, Alto da XV. Por volta das 22h de quinta-feira, quatro homens – dois deles armados -renderam o filho de um morador quando ele entrava na portaria e, assim, tiveram acesso ao prédio. A vítima foi obrigada a entrar em seu apartamento e seus familiares também fossem rendidos. O apartamento serviu como "central de operações" para a quadrilha que, a partir dali, conseguiu render os demais moradores que chegavam. No local três famílias foram reunidas e amarradas com fita plástica.
Os marginais levaram dólares, jóias, roupas e telefones celulares. O prejuízo das vítimas não foi calculado, mas o delegado acredita num alto valor. Antes de fugir, os ladrões danificaram os telefones fixos dos apartamentos, o que impediu as vítimas de pedirem ajuda, dando tempo suficiente para os marginais escaparem. A polícia só foi avisada às 8h do dia seguinte.