Mais testemunhas ouvidas em Tamandaré

Com a ouvida de mais oito testemunhas de acusação, o juiz substituto Marcel Guimarães Rôtoli de Macedo, de Almirante Tamandaré, encerrou ontem a primeira etapa dos trabalhos que apuram o envolvimento de policiais civis e militares nas mortes de pelos menos 21 mulheres ocorridas naquele município e em outros crimes, como formação de quadrilha, assaltos, tráfico de drogas e armas e falsificação de dinheiro. Durante três dias o fórum local ficou tomado por advogados de defesa – ao todo 16 – e por forte esquema de segurança. O juiz pretendia ouvir 36 testemunhas neste período, porém só metade pode ser interrogada. As demais deverão ser novamente intimadas em uma nova data.

De acordo com Rôtoli de Macedo, não há previsão para retomada dos interrogatórios. “Será necessário ajustar a agenda”, explicou ele. E embora os defensores tenham comemorado o teor dos depoimentos, dizendo que as testemunhas em nada contribuíram para acusar os 17 presos, o promotor de Justiça Elcio Sartori não concordou com esta visão. “Eles estão sendo acusados diretamente por sete situações diferentes, sendo cinco homicídios, duas ameaças e a formação de quadrilha. Através das testemunhas foi possível mostrar que havia ligações entre eles para a prática dos crimes”, assegurou Sartori.

Somente no primeiro dia os acusados – os policiais militares Juliano Vidal Oliveira, Jean Adan Grott, Juarez Silvestre Vieira, Jeferson Martins, José Aparecido de Souza, Marcos Marcelo Sobieck, Leily Pereira; o ex-PM Valdirio Adir Mangger; o escrivão da Polícia Civil Alexander Perin Pimenta; o funcionário municipal que prestava serviços na delegacia, Luiz Antônio Alves da Silva, e ainda Sebastião Alves do Prado, Celso Luiz Moreira, André Luiz dos Santos, Paulo Celso Rodrigues, Antônio Martins Vidal, Ananias de Oliveira Camargo, e Maria Rosana de Oliveira – foram levados até o plenário e acompanharam o depoimento da delegada Vanessa Alice, responsável pelas investigações que culminaram nas acusações e prisões do grupo. As demais testemunhas se negaram a depor diante deles, temendo futuras represálias.

Discussão

“As provas são falhas, fracas, inseguras”, afirmou o advogado José Leocádio de Camargo, que defende o escrivão Pimenta e Jeferson Martins. Assim como ele, os demais advogados também argumentavam que não havia nenhuma prova contra seus clientes, tanto que ontem, num clima menos tenso, eles passaram a tarde comendo bolachas e tomando refrigerantes, enquanto intercalavam perguntas para as testemunhas.

O promotor, porém, argumenta que há provas e muitas. “As provas materiais dos crimes são os laudos de morte, as fotos que confirmam que eles eram ligados e até se reuniram no grêmio da Polícia Militar para combinar os delitos, os levantamentos dos locais onde aconteceram os assassinatos e as mais de 30 perícias que estão nos autos”, explicou.

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