Guerra

Mais dois rapazes são alvos da matança sem fim no São Braz

A briga de gangues que apavora os moradores do São Braz e que já foi exaustivamente denunciada pelas mulheres cujos filhos estão sendo ameaçados de morte, fez mais duas vítimas, às 22h de sábado. O duplo homicídio aconteceu na esquina da Rua Hermenegildo Luca com a Rua Elis Regina, durante um torneio de futebol em uma cancha de areia, na Vila Montana.

Os tiros – que interromperam a partida -mataram os pedreiros John Lenon Rodrigues de Oliveira e Marllon Dias da Silva, ambos de 18 anos. Os autores, quatro rapazes que chegaram em um Golf prata, aproximaram-se dos torcedores e dirigiram-se aos dois rapazes, retirando-os do grupo para executá-los.

De acordo com testemunhas, ainda incrédulas com a ousadia dos assassinos, John e Marllon estavam na companhia de outras pessoas, assistindo ao jogo. Pouco depois das 22h, o Golf prata – modelo novo – ocupado pelos quatro homens estacionou nas imediações. Armados com pistola e fuzil 762, os matadores saíram do veículo e caminharam em direção aos espectadores. Separaram John e Marllon do restante do grupo e os feriram com diversos tiros, ignorando completamente a presença das outras pessoas.

Enquanto os matadores fugiam, os pedreiros, bastante feridos, eram socorridos pelo Siate. Porém, não resistiram. Marllon morreu no local, enquanto John chegou sem vida ao Hospital Nossa Senhora do Rocio, em Campo Largo.

Devido ao atendimento às vítimas, o local do crime não pôde ser periciado pelo Instituto de Criminalística. Somente algumas cápsulas foram recolhidas pela polícia. A Delegacia de Homicídios, cujos investigadores estiveram no local, adiantou que tem o nome de um suspeito e deve iniciar as investigações hoje.

Gangues

Tanto o 12.º Distrito Policial, quanto a 4.ª Companhia do 12.º Batalhão de Polícia Militar, em Santa Felicidade, já têm conhecimento da ação das gangues no São Braz. Nos últimos meses, patrulhamentos e investigações do serviço de inteligência do batalhão foram realizados, na tentativa de coibir a violência das gangues. A mobilização policial chegou a evitar algumas mortes, mas o “problema ficou apenas adormecido e não resolvido”, segundo afirmou um dos moradores da área. A rivalidade entre os grupos, que seriam em torno de quatro e usam nomes como Comando do Extermínio (CDE), Comando da Vila do Sapo (VDS), Sapo Louco e Campina, tem determinado até “toque de recolher” na vilas,já que muitas famílias se recusam a sair de casa após o anoitecer, temendo os assassinatos.

Marllon e John, segundo uma testemunha, pertenciam à CDE e estavam sendo ameaçados por um grupo rival, através do site de relacionamento Orkut. “A guerra é visível. Até quando vamos ter que esperar que a polícia faça alguma coisa? Se nós, que somos pessoas comuns, ficamos sabendo e acompanhamos as ameaças pelo Orkut, como a polícia não sabe de nada?”, falou revoltada uma mulher, cuja família já foi vítima dos bandos.

Com a morte da dupla, a moradora teme que outros assassinato possam acontecer nos próximos dias. “As pessoas ficam temerosas, não saem de casa, não dormem enquanto os filhos não chegam da aula. É muita tensão. É como viver em uma cidade que está em guerra”, completou.

John e Marllon moravam no bairro, a algumas quadras da cancha de areia onde foram executados.

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