Um assassinato macabro, envolvendo sexo, chantagem e ambição, e duas versões diferentes. Enquanto Elenir Voltolin Papker, 37 anos, autuada em flagrante e indiciada por homicídio e ocultação de cadáver, se diz inocente e se coloca como vítima de uma trama diabólica, a família do homem assassinado pinta um retrato bem diferente da “loira fatal”. As declarações dos filhos de Neri Pereira, 61 anos, morto e carbonizado na semana passada em Pontal do Paraná, corroboram os fatos apurados até agora pela polícia e apontam a loira como uma assassina fria e calculista, que usava amantes e comparsas para conseguir seus objetivos.
Rebatendo a entrevista que Elenir concedeu à Tribuna, publicada ontem, a filha de Neri Pereira, Isabel Cristina, falou com a reportagem do jornal e afirmou que a amante do seu pai era capaz de se vangloriar, entre amigas, de seduzir homens e arrancar deles tudo que queria. “Quero que essa mulher pague pelo que fez. Tenho certeza que a polícia vai prender os bandidos que agiram com ela e tudo vai se esclarecer”, disse Isabel Pereira, que tem 23 anos e é funcionária pública em Pontal do Paraná, onde seu pai tinha uma oficina mecânica.
Segundo Isabel, os dois acusados de agir como comparsas de Elenir na morte de Neri – Adriel Vagner Gonçalves e Adriano da Silva, que estão foragidos – são bem conhecidos em Praia de Leste. “O Adriel já se meteu em assalto grande, tiroteio com a polícia e é suspeito de ter matado um velhinho aqui na praia, depois de um assalto”, relatou. Já Adriano, segundo ela, “pulava de emprego em emprego mas nunca parou em nenhum”.
Ameaças
Isabel contou que há mais de um ano Elenir mantinha relacionamento com seu pai. A princípio, ela havia conseguido um emprego como agente comunitária de saúde. “Depois largou o trabalho, meu pai estava louco por ela e ficava sustentando essa mulher e toda a família dela”, comentou.
A moça afirmou que Neri não chegou a se separar da esposa e dos filhos. “Ele ficava saindo de casa para se encontrar com essa mulher.”
Nos últimos tempos, a família sabia que Elenir vinha ameaçando Neri caso ele não passasse um imóvel para o nome dela. “A casa estava no nome dos dois, mas ela queria que ficasse só no nome dela. Quando meu pai se recusou, ela começou com as ameaças e chegou a registrar queixa e ir com a polícia atrás do meu pai, se fazendo de vítima”, lembrou.
Sedutora
Além disso, segundo Isabel, Elenir comentava com amigas que não gostava de Neri e só queria arrancar dele tudo que pudesse. “Por mais que eu falasse, meu pai não percebia. Ficou caído por ela, que sabia seduzir direitinho.”
Por conta dessas ameaças, a família já estava em estado de alerta quando Neri saiu de casa, quinta-feira passada, às 19h, depois de receber um telefonema de Elenir marcando encontro. “Quando deu meia-noite fui avisar meu irmão, que estava na lanchonete em frente de casa, que o pai não tinha voltado. Ele saiu de carro e chegou a ver Elenir na rua. Ela se escondeu, mas perto dela estavam o Adriel e o Adriano, andando juntos”, relembrou.
Com o sumiço de Neri, a família procurou a polícia nas primeiras horas da manhã de sexta-feira, dia 24. Elenir foi encontrada em casa pelos policiais – segundo Isabel, ela estava arrumando as malas para fugir. Levada para a delegacia, a princípio a loira negou qualquer participação na morte de Neri, mas depois, com as evidências apresentadas, acabou confessando e apontou o local onde estavam o carro e o corpo do empresário.
Elenir, que está presa no 9.º DP, em Curitiba, é suspeita de estar envolvida também no assassinato do seu ex-marido, Jorge Papker, ocorrido em agosto de 2002, em São José dos Pinhais, e na execução de um ex-amante, Nelson Ferreira, assassinado em maio de 2001 na Vila Zumbi dos Palmares, em Colombo. Esses dois casos voltarão a ser investigados pela polícia. Já os policiais do Cope lotados na Operação Verão continuam procurando pelos supostos comparsas da “loira fatal”.