Mais acusações contra o delegado do Trabalho

O delegado Regional do Trabalho, Celso Soares da Costa, preso anteontem em Curitiba, acusado de fraude em licitação na extinta Companhia Municipal de Urbanização (Comurb) em Londrina, é suspeito também de ter cometido diversas irregularidades na administração da Delegacia Regional do Trabalho.

Nas últimas semanas, a Associação dos Auditores Fiscais do Trabalho do Paraná (AAFT-PR)promoveu várias manifestações à atuação de Celso. As queixas da AAFT chegaram a ser encaminhadas pelo deputado federal Florisvaldo Fier, o Dr. Rosinha (PT), ao Ministério Público Federal e ao ministro do Trabalho e Emprego, Paulo Jobim.

Segundo Luiz Felipe Bergmann, vice-presidente da AAFT/PR, o delegado regional estaria pressionando os donos de postos de combustíveis para que fizessem o pagamento do imposto sindical. “É uma tarefa dos fiscais exigir das empresas o pagamento desses tributos. Mas a veemência com que ele pedia é sinal de que alguma coisa estava errada e de que ele queria levar alguma coisa.”

O contrato com a Obra Prima S/A Tecnologia e Prestação de Serviço também foi questionado pelos auditores. A empresa fazia limpeza e manutenção da sede antiga do DRT, que ocupava uma área de 5 mil metros quadrados. Em fevereiro de 2001, a DRT transferiu-se para a Travessa da Lapa, em um local de aproximadamente 2,4 mil metros quadrados. Só que o valor pago continuou sendo o mesmo. “Isso é um exemplo de desperdício do dinheiro”, diz Bergmann.

Costa ainda teria afastado uma auditora fiscal que exigiu a readequação do contrato. “Isso era o normal dele, essa postura autoritária. Ninguém podia divergir dessas atitudes”.

A lista de desmandos atribuídos ao delegado não pára por aí. Costa teria pedido para pessoas de sua confiança, do Departamento de Informática da Delegacia, que tirassem do ar o sistema que gerencia os relatórios dos ficais do DRT. O delegado teria pedido a senha de acesso aos fiscais, mas obteve uma resposta negativa. “Com certeza ele queria mexer em tudo. Como não deixamos, ele ficou nervoso e mandou tirar tudo do ar”.

Há ainda suspeita de que a subdelegacia da Receita em Londrina estaria favorecendo empresas de Arapongas, seguindo orientação de Costa.

No começo da noite de ontem, os auditores reuniram-se em assembléia para decidir sobre um possível fechamento da Delegacia. “Existe a possibilidade de fazer isso. Ainda há muitas pessoas, de seriedade duvidosa ligadas a ele. Queremos limpar de vez a Delegacia.”

Ligações

Os atritos com os auditores surgiram já no início da gestão do delegado. Indicado para assumir a DRT pelo deputado federal José Janene (PPB), de quem é amigo pessoal, o delegado fez sua ficha de irregularidades crescer na Delegacia. “Ele aprontou lá em Londrina e daí veio aprontar aqui. Não dá para confiar em uma pessoa envolvida com alguns políticos que estão por aí”, afirma . Celso Costa é filiado ao PPB de Londrina.

Sem Habeas

Enquanto isso, Celso permanece preso no Centro de Triagem da Polícia Civil. O delegado ficará detido em prisão provisória até 14 de outubro, data de seu depoimento na 3.ª Vara Criminal ou até que seja concedido um habeas-corpus. Segundo o advogado Luiz Guilherme do Prado, de Londrina, ainda não foi definido o criminalista que vai defender Costa. Luiz Guilherme é advogado do escritório Antônio Góis, de Londrina, que geralmente trabalha com o delegado. Ele apenas revelou que, ao contrário do que chegou a ser divulgado, nenhum pedido de habeas corpus foi impetrado no Tribunal de Justiça.

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