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Clarisse sofre com a falta de notícias de seu filho. |
Um grande pesadelo. Assim pode ser sintetizada a situação que vive a família de Rodrigo Gularte, paranaense de 32 anos que está preso na Indonésia, acusado de tráfico internacional de drogas, desde a última terça-feira, quando soube da notícia pela internet. A dor da mãe de Rodrigo, Clarisse Gularte, que mora em Curitiba, é ainda aumentada pelo fato de a família estar praticamente sem notícias de Rodrigo.
Clarisse contou que o Itamaraty já foi procurado, assim como representantes da Indonésia no Brasil. Entretanto, ninguém chegou a dar uma notícia concreta sobre o rapaz. Rodrigo foi preso no último sábado, no aeroporto de Jacarta, capital da Indonésia, com seis quilos de cocaína escondidos em oito pranchas de surf. Dois rapazes que estavam com ele foram liberados, já que Rodrigo assumiu sozinho a responsabilidade pelos 12 pacotes de cocaína. A mãe de Rodrigo conhece apenas um deles. “Achei uma atitude (asseumir a culpa sozinho) muito nobre dele”, afirmou. Ela disse que mesmo assim duvida que tenha sido seu filho quem levou a droga para a Indonésia.
Clarisse contou que Rodrigo não tinha motivos para fazer isso. Ele não é ligado a coisas materiais, apesar de sua família ter uma condição financeira boa. Ele dividia um apartamento com um amigo em Florianópolis e tinha um carro não muito novo. “Amanhã alguns advogados amigos nossos vão estar aqui para definir a estratégia de como tentar trazê-lo para o Brasil e impedir que ele seja julgado lá”, falou, destacando que ele não tinha dinheiro para comprar toda aquela droga. A lei na Indonésia é rígida, punindo com pena de morte os traficantes.
Drogas
Clarrisse contou que, quando era adolescente, Rodrigo teve envolvimento com drogas, foi tratado numa clínica especializada e nunca mais teve problemas. “Eu nunca vi meu filho drogado”, disse. Para a família, o comportamento de Rodrigo sempre foi normal, nunca demostrando ter qualquer envolvimento com tráfico de droga. O rapaz surfava desde pequeno, tendo viajado para vários países para praticar o esporte. Esta foi a segunda vez que Rodrigo foi à Indonésia.
Mortes prosseguem
Apesar dos protestos e pressões internacionais, a Indonésia levará adiante as execuções de estrangeiros que estão no corredor da morte por tráfico de drogas, informaram ontem autoridades locais. Grupos de direitos humanos reclamaram que a execução do indiano Ayodhay Prasad Cheubey – ocorrida anteontem – foi planejada para fazer com que a presidente Megawati Sukarnoputri parecesse dura contra o crime com vistas às eleições do próximo mês. Cheubey foi fuzilado depois de ter sido sentenciado por traficar heroína para dentro da Indonésia.