Mãe e filho foram vítimas de uma trágica coincidência no sábado, em Curitiba. Pela manhã, Erick Felipe Barbosa dos Santos, o “Polaquinho”, de apenas 14 anos, foi encontrado morto dentro de um barraco, na invasão Portelinha, situada no limite entre os bairros Portão e Santa Quitéria. À noite, a mãe dele, a dona de casa Nelci Aparecida Barbosa, 38, seguia para o Instituto Médico-Legal (IML) para liberar o corpo do filho, quando o carro onde estava foi atingido por um ônibus biarticulado. Nelci morreu a caminho do hospital. Mãe e filho foram velados e sepultados juntos, no Cemitério Paroquial de Campo Comprido. Pouco mais de dez horas separam os nomes de Erick e Nelci no boletim de mortes violentas do IML.
Ontem pela manhã, a irmã de Nelci esteve no necrotério para acertar a documentação e poder sepultar os parentes. Erick era usuário de drogas e, por conta disso, abandonou a casa e foi morar sozinho na Portelinha, onde trabalhava como entregador de marmitas. A irmã de Nelci contou que a família já havia tentado interná-lo em clínica de recuperação, mas o esforço foi em vão. “Ele morava sozinho, mas vivia voltando pra casa da mãe”, disse a mulher.
Barraco
Na manhã de sábado, o adolescente foi encontrado morto dentro do barraco no final da Rua Irati. O garoto foi assassinado com requintes de crueldade, a pauladas e teve a cabeça esfacelada pelos golpes. Pelo rastro de sangue, ele começou a apanhar na entrada da favela na mesma rua e foi arrastado até o barraco, onde morava há cerca de dois meses. A polícia suspeita que o crime aconteceu de madrugada, mas o corpo só foi encontrado pela manhã por moradores da invasão. A vizinhança não quis comentar o crime e disse apenas que o menino vinha morando no barraco nos últimos dois meses. “O lugar estava abandonado e ele resolveu morar ali, sozinho”, contou uma mulher.
No meio da rua, havia um pedaço de madeira ensanguentado, que teria sido usado para matar o adolescente.
Acidente
Na noite de sábado, Nelci, abalada com a morte de Erick, se dirigia ao IML para levar a documentação do garoto e liberar o corpo para sepultamento, ocasião em que um acidente fatal interrompeu sua trajetória. Ela ocupava um veículo Gol com outros cinco passageiros, entre eles um bebê de 5 meses. O carro estava a pouco mais de uma quadra do IML, quando foi atingido pelo biarticulado da linha Santa Cândida-Capão Raso, na esquina da Travessa da Lapa (preferencial para ônibus) e Avenida Visconde de Guarapuava, por volta de 23h20. Todos os passageiros do carro foram encaminhados ao Hospital Evangélico. Nelci foi atendida pelo Siate, mas morreu a caminho do hospital. Segundo comentários no local, o motorista do Gol, Gilberto Jesus de Oliveira, 35, teria avançado o sinal vermelho. No ônibus havia 30 passageiros que não se feriram.
A irmã de Nelci contou que ela era casada e, além de Erick, tinha outros cinco filhos.
Fábio Alexandre |
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Nelci, mãe do menor de 14 anos, foi atendida pelo Siate, mas morreu a caminho do hospital. |