Três pessoas foram assassinadas em Colombo, região Metropolitana de Curitiba (RMC), entre a noite de sexta-feira e madrugada de ontem. Assalto e acerto de contas foram os motivos das mortes, até agora levantados pela polícia, que prendeu três suspeitos de envolvimento em um dos homicídios. Dos outros, investigadores da delegacia do Alto Maracanã já têm nomes dos acusados e estão trabalhando para solucionar os casos.
No fim da madrugada, por volta das 5h, Aílton Aparecido Teles de Brito, 40 anos, foi assassinado dentro de sua casa, na Rua João Niceli de Brito, Jardim Eucalipto. O acusado de ter puxado o gatilho do revólver, calibre 38, é Rodrigo Guisler, 18 anos, o ?Rodrigão?. Porém, a Polícia Militar deteve mais quatro pessoas suspeitas de envolvimento com o assassinato. Marcelo da Silva Pereira, 18, para quem a vítima devia dinheiro pela compra de droga, Liomar Ribeiro de Souza, 23, e um adolescente, foram levados à delegacia pelos soldados Edinei e Ricardo, do 17.º Batalhão da Polícia Militar.
De acordo com o que foi apurado pelo soldado Edinei, Marcelo seria o mandante do crime. ?Ele devia R$ 30,00 para o acusado, mas teria pago R$ 70,00 para outro traficante?, relatou o PM, com base em declarações de testemunhas. Marcelo teria chegado àquela hora na casa de Ailton, junto com Rodrigo. Ele bateu na porta e foi convidado a entrar. Ao ser cobrado da droga, a vítima teria dito que não tinha o dinheiro para pagar e Marcelo, então, lembrou do pagamento feito a outro traficante. Em seguida, Rodrigo teria atirado.
Pedradas
Essa versão, contudo, foi contestada pelo acusado, detido em sua residência, também no Jardim Eucalipto, pouco depois do crime. Ele contou que Aílton o teria procurado várias vezes, mas não o havia encontrado, deixando o recado para a sua mulher, que o traficante fosse à casa dele quando chegasse. ?Ele queria me pagar. Fui lá e recebi os R$ 30,00?, afirmou, negando ter qualquer envolvimento com o assassinato.
Rodrigo, detido no Jardim Guaraituba, alegou ter sido rixa o motivo pelo qual matou Aílton. Segundo seu relato, a vítima jogava pedras contra ele e sua turma quando voltavam de algum bailão. ?Ele acertou uma pedrada em mim?, disse, referindo-se a um suposto confronto no dia anterior. Rodrigo contou que, na madrugada de ontem, encontrou a porta da residência de Aílton aberta. ?O Marcelo já estava lá dentro. Fiz o que tinha que fazer?, resumiu, também afirmando que o assassinato não teria nada a ver com o tráfico de drogas.
Junto com Marcelo, a PM deteve um adolescente e, com Rodrigo, deteve Liomar, que negou qualquer participação no crime. ?Ele bateu lá em casa, por volta das 6h30, pedindo pouso. Eu não ia negar isso a um amigo?, justificou. A arma usada no assassinato, um revólver com a numeração lixada, Rodrigo disse ter emprestado de uma menina, também moradora no Guaraituba.
Os investigadores Abdala e Sérgio, da delegacia do Alto Maracanã, acompanharam o caso. Há a suspeita de envolvimento de Marcelo com outros homicídios ocorridos nos últimos dias naquela região. ?Estamos investigando se há ramificações e se os assassinatos tiveram o acusado como mandante?, comentou o superintendente da DP, Job de Freitas.
Dono de bar morto a tiros
Cerca de três horas antes do primeiro crime, no Jardim Ana Terra, em Colombo, o dono de um bar foi morto a tiros dentro de seu estabelecimento. Pedro José de Lima, 40 anos, abriu o Bar do Pedrinho, na Rua João Pinto Martins, para seus assassinos pouco antes das 2h. Apesar de as portas já estarem fechadas, o homem entrou no bar acompanhado de dois indivíduos. Logo após, vizinhos ouviram os tiros e viram os bandidos fugirem carregados de mercadorias.
Pedro foi encontrado dentro do bar, morto com três tiros. Os policiais que atenderam a ocorrência perceberam a falta de bebidas e cigarros do estabelecimento. Há a possibilidade de eles terem limpado o caixa, mas a polícia ainda não recebeu informações se Pedro tinha algum dinheiro lá. ?O crime está caracterizado como latrocínio (roubo com morte), pois os indivíduos levaram mercadorias do estabelecimento?, disse Job.
Testemunhas disseram ter ouvido o ruído do motor de um carro, saindo do local logo após o crime. ?Sabemos que dois entraram no bar e mais gente ficou do lado de fora, possivelmente dando cobertura?, relatou o policial. Job já tem o nome de algumas pessoas que podem estar envolvidas neste crime. ?Estamos investigando o caso e devemos ter a confirmação da identidade dos autores nos próximos dias?, concluiu. (FS)
Adolescentes matam rapaz
O pai de Rogério Batista de Oliveira, 20 anos, recebeu a triste notícia de que seu filho havia sido baleado às 22h30 de sexta-feira. O rapaz morava na Rua Pedro Ivo, Vila Liberdade, em Colombo, e foi atacado por cinco jovens, provavelmente adolescentes, na Rua das Flores, a poucas quadras de sua residência. Ferido no peito e na barriga, Rogério foi levado ao pronto-socorro do Alto Maracanã e, de lá, transferido ao Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul, devido à gravidade de seu estado. Porém, não resistiu e morreu antes de receber atendimento médico.
Rogério teria sido vítima de assaltantes, que queriam roubar sua blusa e os tênis. Porém, a delegacia do Alto Maracanã trabalha também com a hipótese de rixa. ?Sabemos que os assassinos são moradores da Vila Zumbi dos Palmares?, relatou o superintendente da delegacia do Alto Maracanã, Job de Freitas, que já dispõe de algumas pistas sobre os suspeitos.
Agora, a delegacia ouvirá familiares e testemunhas do crime para chegar a uma definição do que realmente ocorreu e o motivo pelo qual Rogério, que trabalhava como auxiliar de expedição, foi assassinado. (FS)
Polícia preocupada com violência no Guaraituba
A região atendida pela delegacia do Alto Maracanã tem se mostrado a mais violenta da Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Fora estes três homicídios, só no último fim de semana foram registradas oito mortes provocadas por armas de fogo. Seis delas foram naquela região, que está se tornando a mais perigosa da cidade, o Jardim Guaraituba. Lá, os moradores têm medo de sair de casa, mas temem também ajudar a polícia a investigar a série de crimes ocorridos lá.
Para o superintendente Job de Freitas, da delegacia do Alto Maracanã, que já tem a cadeia superlotada, a maioria dos crimes está ligada a dívidas com traficantes, disputa por pontos de droga e divisão de produtos de roubo ou furtos. ?Havia comentários que pessoas de São Paulo estariam agindo por aqui, ou que estariam comandando execuções, mas até agora não temos nenhum indício concreto de que isso esteja realmente ocorrendo?, disse Job. (FS)