Valentina de Andrade, 73 anos, foi absolvida por seis votos a um no fim da tarde de ontem, depois de 17 dias de julgamento. Ela era acusada da autoria intelectual do assassinato e castração de meninos em Altamira (PA), ocorridos entre 1989 e 1993. A promotora Rosana Cordovil e o assistente da promotoria, Clodomir Araújo, anunciaram que vão recorrer da decisão, anunciada pelo juiz Ronaldo Valle.
O advogado da defesa, Cláudio Dalledone Júnior – de Curitiba – comemorou a decisão, comentando que os jurados não se deixaram levar pelo noticiário da imprensa nem pela contundência da promotoria. Mas o resultado do júri deixou muitas pessoas indignadas, entre elas advogados ligados às entidades de defesa dos direitos das crianças. “Isso não é “Justiça de Deus é “Justiça do diabo”, disse Rosa Pessoa, mãe de Jaenes Pessoa, uma das crianças mortas.
Prova
A absolvição de Valentina se deu, em parte, à explanação do professor de Direito Penal, Arnaldo Busato Filho, defensor dela há 11 anos. Busato afirmou que a acusada não estava em Altamira na data dos crimes, mostrando uma declaração da polícia paranaense. Pelo documento, Valentina teria se apresentado e prestado depoimento em uma delegacia do Paraná, naquele período.
A ré é líder da seita Lineamento Universal Superior (LUS), com sede na Argentina, e autora do livro “Deus, a grande farsa”. Antes dela, outros quatro integrantes da seita foram julgados e condenados pela participação no assassinato e castração de três meninos e tentativa de assassinato e castração de outros dois. Um acusado continua foragido da Justiça. As vítimas eram atraídas para matagais e tinham os órgão genitais cortados para ser usados em rituais de magia negra, segundo a acusação.