O município da Lapa, na região sul do Estado, será o primeiro a aplicar o projeto estadual de diagnóstico precoce e intervenção breve de casos de dependência química. Desenvolvido pela Coordenadoria de Saúde Mental da Secretaria Estadual da Saúde do Paraná, em parceria com o Departamento de Farmacologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o projeto deriva de um programa internacional criado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e tem por objetivo diagnosticar o problema de abuso de substâncias (álcool e outras drogas) antes que o indivíduo se torne dependente.
No projeto paranaense, a idéia é implementar a detecção precoce e a intervenção breve na forma de um programa de saúde básica em unidades de saúde. Assim, os profissionais de saúde da atenção primária (Unidades Básicas de Saúde e Programa de Saúde da Família) estão sendo treinados para, num primeiro contato com qualquer paciente, tentar detectar alguma tendência à dependência química. Quando esse problema for detectado, o mesmo profissional aplica a intervenção breve, que consiste numa sessão de aconselhamento ao paciente com o objetivo principal de motivá-lo a mudar seu comportamento de consumo de drogas antes que desenvolva dependência.
?A abordagem de um paciente que procura atendimento médico torna-se mais fácil, na medida em que a questão do uso de álcool e de outras drogas insere-se no contexto do atendimento global do paciente?, explica a coordenadora do projeto, professora Roseli Boerngen de Lacerda, do Departamento de Farmacologia da UFPR.
Três municípios foram selecionados para o início do programa (que tem apoio financeiro da Fundação Araucária) no Paraná: Curitiba, São José dos Pinhais e Lapa. Mas é na Lapa onde os trabalhos estão mais avançados – a fase de capacitação dos profissionais encerra-se no próximo dia 4 – e, na segunda semana de maio o atendimento já deve ser iniciado. ?Vinte profissionais, um de cada Unidade de Saúde, estão fazendo o treinamento. Em breve estaremos aptos para atender até 100 pacientes em situação de risco?, disse a coordenadora do Centro de Atenção Psicossocial da Lapa, Silse Ângelo.
Numa primeira etapa, ainda sem a parceira com o governo estadual, o projeto foi aplicado em Curitiba, em 2003, e os resultados, em que 16% dos pacientes atendidos apresentavam quadro de risco e acabaram mudando seu comportamento, foi determinante para que o governo estadual passasse a investir na ação. Curitiba e São José dos Pinhais iniciaram o projeto ainda no primeiro semestre.
