Três acusados de participar do grupo envolvido no furto de toca-CDs, no Largo da Ordem, foram apresentados à imprensa na manhã de ontem na Delegacia de Furtos e Roubos (DFR). Além do casal Tarzo Mário Dias, 24 anos, e Thereza Gleiser, 22, a ?Tetê?, cujas prisões foram publicadas com exclusividade pela Tribuna no sábado, outro integrante do bando, Gianfranco Simioni, 25, também teve sua identidade revelada.
De acordo com o delegado Rubens Recalcatti, Tarzo e Gianfranco já estiveram presos anteriormente pela prática do mesmo crime. Apenas ?Tetê? não tinha antecedente criminal. Os detidos não quiseram se defender das acusações e a garota, com o rosto coberto por uma blusa, disse apenas que era seu direito ficar calada.
A partir da divulgação de imagens dos furtos de aparelhos de som automotivos no Largo da Ordem, fato ocorrido nos dias 5 e 6 de agosto, policiais civis (Cope e DFR) e militares iniciaram investigações para localizar e prender os envolvidos na prática do delito.
Prisões
O primeiro a ser identificado foi Gianfranco, que foi preso pela DFR em frente à residência onde mora, no bairro Sítio Cercado, na noite da última quinta-feira. No momento da prisão, outro participante do grupo conseguiu fugir. Luiz Leonardo Correia, 21 anos, está com mandado de prisão decretado e continua foragido. Na mesma noite, o casal Tarzo e ?Tetê? foi preso por policiais militares enquanto caminhava tranqüilamente pelo Largo da Ordem, local dos furtos.
Encaminhados à DFR, os dois foram identificados e autuados por furto. Segundo Recalcatti, inicialmente os dois não queriam admitir a participação nos crimes. ?Tarzo chegou a mentir para os policiais, passando identificação falsa. Mas, pouco tempo depois, ele não teve como sustentar a mentira e confessou?, contou o delegado.
Drogas
Nos depoimentos, os detidos afirmaram que agiam em duplas, porque acreditavam que levantariam menos suspeitas. Com eles, não foi apreendido nenhum aparelho de som furtado. De acordo com a investigação da polícia, logo depois de ser retirado do veículo, o toca-CDs era entregue a receptadores, provavelmente na área central de Curitiba. Ainda conforme apurado pela polícia, os aparelhos eram trocados diretamente por drogas ou por quantias que eram utilizadas para a compra de entorpecente.
Os detidos foram autuados por furto e podem ser enquadrados também por formação de quadrilha. A meta da polícia agora é encontrar os receptadores dos produtos furtados.
Trio não teve ajuda de PMs
Durante as filmagens exibidas pela TV Paranaense na segunda-feira da semana passada, dois policiais militares do 12.º Batalhão foram flagrados furtando um aparelho de som, também no Largo da Ordem. No dia seguinte, os soldados Altenes Pinheiro, 37 anos, e Adriano Fronza, 34, foram presos pelos companheiros de farda Vão responder a Inquérito Policial Militar e serão submetidos a avaliação de um Conselho de Disciplina, que poderá optar por expulsá-los da corporação.
Sobre a participação dos PMs em um possível ?esquema? de furto e encobrimento da ação de marginais no Largo da Ordem, os três detidos (Tarzo, Gianfranco e ?Tetê?) disseram apenas que conheciam os policiais presos, porém não têm nenhum envolvimento com eles.
Classe média no crime
Tarzo e Gianfranco são reincidentes na prática de furtos e já estiveram presos recentemente. Entretanto, o que mais chama a atenção em todo esse episódio é a participação da garota nos crimes , que cursa universidade particular de Psicologia e tem bom padrão de vida. De acordo com o delegado Recalcatti, o envolvimento de Theresa com Tarzo (eles são namorados) aliado à necessidade de consumir drogas, fez com que a universitária entrasse no submundo do crime. ?No depoimento, ela confirmou ser usuária de drogas. Ela tem bom nível cultural, de família conceituada na capital e está cursando faculdade. Mas a droga, infelizmente, desestruturou sua vida?, avaliou o delegado.
Antecedentes
No início deste ano Tarzo e Gianfranco já haviam sido presos com outros indivíduos por terem furtado sons automotivos no Largo da Ordem, em situações distintas. Os dois permaneceram atrás das grades até junho, quando saíram por determinação judicial. Pouco tempo depois, a dupla – que está em liberdade provisória – voltou a aprontar e retornou à prisão pela prática do mesmo crime.
O delegado Recalcatti informou que as investigações continuam para identificar e prender outras pessoas envolvidas nas ações criminosas no Largo da Ordem. ?São indivíduos que integram outro grupo de marginais, inclusive envolvendo guardadores de carros da região?, alertou o delegado.