Cerca de 35 carros são roubados ou furtados diariamente na capital paranaense. Este tipo de crime teve um aumento de quase 50% em relação ao ano passado, quando a média diária era de 22 carros. Do começo do ano até a tarde de ontem, os bandidos já haviam levado 2.020 veículos. O número é um dos mais altos dos últimos anos e está deixando os proprietários de veículos aterrorizados. Nem mesmo os estacionamentos estão sendo respeitados pelos marginais.
O índice assustador preocupa principalmente os donos de veículos que não têm seguro. Já os que possuem, tem outra preocupação, o índice deve elevar os valores pagos anualmente, que é calculado com base nos chamados ?sinistros?.
A Tribuna tentou entrar em contato com a Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV) durante cinco dias, para conseguir informações precisas sobre a atuação dos criminosos. Até então, o registro que se tinha era de furto e roubo de 1.839 veículos. Neste período, os bandidos se apoderaram de quase 200 outros carros. Além de não atender a reportagem e não fornecer as estatísticas, o delegado Itiro Hashitani, titular da DFRV, proibiu os policiais de passarem as estatísticas da delegacia. Hashitani não deu nenhuma explicação sobre o aumento deste tipo de crime na capital, e nem que providências está tomando para combatê-lo. Itiro assumiu a delegacia no final de novembro do ano passado.
De acordo com dados obtidos pela própria reportagem, dos 2.020 veículos levados pelos marginais, 60% foram tomados em assalto e 40% foram furtados. Segundo explicações de um policial, que preferiu não ser identificado por temer algum tipo de represália, o aumento do roubo (praticado com o uso de arma e com violência) em relação ao furto está ocorrendo porque a maioria dos veículos está saindo das fábricas com chaves decodificadas, o que dificulta o uso das conhecidas mixas (chaves-falsas), que antigamente possibilitavam a abertura de um carro em poucos segundos.
Índice contribui para encarecer os seguros
Somente 20% dos carros que circulam no Paraná possuem seguro contra roubo, furto e acidentes. Destes, 70% sofrem anualmente algum tipo de dano. De acordo com o Sindicato das Seguradoras do Paraná (Sindiseg-PR), a cada vez que o segurado aciona a seguradora contribui para o aumento na prestação deste serviço. Por este motivo, um seguro de automóvel é muito mais barato para um consumidor do interior do Estado do que para o da capital, onde os índices de furtos e roubos são alarmantes.
O assessor de imprensa do Sindiseg-PR, Valtemir Soares, explica que a contribuição das incidências é no sentido de recompor a carteira. ?As seguradoras administram um fundo. O volume é arrecadado individualmente. Se ocorrem muitos roubos, furtos e acidentes, as seguradoras pagam as indenizações e os valores dos seguros são recalculados no ano seguinte?, informou Soares. Ele disse que outro fator que encarece os seguros são as fraudes, que muitos vezes nem são detectadas pela seguradoras, principalmente no caso dos acidentes, quando o motorista que tem seguro assume a culpa e o outro normalmente paga a franquia. ?Já temos um projeto para diminuir as fraudes. Os usuários pensam que enganam as seguradoras, mas são eles que acabam pagando por isso, quando renovam a apólice?, alerta.
Soares contou que no ano passado – somente nos seis primeiros meses – as seguradoras gastaram R$ 81.657 milhões com indenizações em Curitiba e Região Metropolitana. Em todo o Estado foram pagos R$ 147.846 milhões.
Ainda de acordo com o Sindiseg, no mesmo período foram furtados ou roubados na capital e Região Metropolitana 1.335 carros, que tinham seguros. No Paraná, o total foi de 2.061. No mesmo período, 33 mil veículos segurados se envolveram em acidentes na região de Curitiba e 56 mil em todo o Estado.
