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Júnior e Leonildo, no instante
em que foram presos.

Dois homens atravessando rodovias e o perímetro urbano de Curitiba num velho caminhão, a toda velocidade, seguidos por 15 viaturas policiais. Tiros, uma roda riscando o asfalto, semáforos furados e objetos atirados em direção à polícia. A incrível perseguição começou na madrugada de ontem, em Campina Grande do Sul, e terminou uma hora e meia mais tarde e 70 quilômetros adiante, nas Mercês, quando o veículo dos fugitivos não venceu uma ladeira e parou. Acusados de furtar estepes de caminhão em postos de combustíveis, dois homens foram presos em flagrante.

A aventura começou no Posto Cupim, no quilômetro 69 da BR-116, em Campina Grande do Sul. Assim que o caminhão Mercedes-Benz 1113, placa AET-7289, de Curitiba, parou no pátio, às 4h30 de ontem, os funcionários chamaram a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Há três meses, ladrões que usavam o mesmo veículo vinham agindo em postos da região. "De madrugada, tiravam o estepe dos caminhões estacionados no posto, colocavam na carroceria do Mercedes e fugiam. Até já decoramos as placas", disse um dos frentistas do Cupim, que preferiu não se identificar. Segundo ele, a polícia sempre foi acionada, mas normalmente demorava e chegava quando e os ladrões já estavam longe. "Uma vez, um deles correu quando focamos a lanterna em sua cara. Na fuga, ainda nos ameaçou. Chegavam a roubar cinco estepes numa noite", disse o frentista.

Ontem, porém, uma viatura da PRF estava a poucos metros do posto e abordou os ocupantes do Mercedes. "No mesmo instante, entraram no caminhão e tomaram a direção de Curitiba", relatou o policial rodoviário José Carlos Francelino.

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A viatura partiu atrás. Como o caminhão não parava, os policiais atiraram nos pneus. Nem assim os fugitivos se renderam. Pelo rádio, as patrulheiros pediram apoio.

A hipótese de um bloqueio na rodovia foi cogitada, mas logo descartada. "Eles estavam determinados e arrastariam o que vissem pela frente. Preferimos apenas acompanhá-los", disse Francelino.

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No aro

Assim, os fugitivos tomaram o Contorno Leste, entraram no trevo de acesso à BR-277, em São José dos Pinhais, e seguiram rumo a Curitiba. No percurso, um deles subiu na carroceria e atirou pneus de caminhão, ferramentas e outros objetos na rodovia, em direção às viaturas. Os policiais conseguiram desviar e se mantiveram no encalço do Mercedes.

Na altura do Cajuru, a Polícia Militar tomou a frente da situação. A tensão aumentou ainda mais. Vários tiros foram disparados no caminhão – dois estouraram o pára-brisas e um deles acertou a perna de um dos acusados. Furado a bala, o pneu dianteiro esquerdo da Mercedes ficou só no aro, soltando faíscas e deixando um rastro metálico pelas ruas da capital. O tanque de combustível também foi vazado.

Decididos, os fugitivos cruzaram os bairros Jardim Botânico, Rebouças, Batel e Mercês, furando em alta velocidade todos os semáforos que encontravam fechados. "Foi sorte não ter ocorrido um acidente grave. Àquela hora o trânsito estava fraco", disse Francelino.

No final da perseguição já havia 15 viaturas atrás do caminhão. Finalmente, na subida da Rua Brigadeiro Franco, esquina com Júlia Wanderley, Mercês, às 6h, o Mercedes foi vencido pelo aclive forte e parou. Os ocupantes ainda tentaram reagir, mas foram detidos.

Justificativa

Os suspeitos foram identificados como Leonildo Pedroso, 42 anos, e Júnior Cavalheiro, 23. O primeiro tem antecedente criminal, por razão ainda a ser apurada, e o segundo é suspeito de estar usando nome falso – não havia registro com a identidade que apresentou. Dentro do Mercedes foi encontrado o estepe de um caminhão que passou a noite no Posto Cupim. "Ainda bem que pegaram os dois. Ia ter um prejuízo de R$ 1.500,00", falou o caminhoneiro Robson Monçalves, vítima do furto.

Embora tenha sido reconhecido pelos frentistas, o suposto Júnior alega inocência. Ele disse que não estava ao volante e que pedia para Leonildo parar. Afirmou trabalhar como caminhoneiro e que atirou os pneus na rodovia só porque o comparsa pediu. Leonildo, que saltou do caminhão e alegava sentir fortes dores, foi atendido no Hospital Evangélico.

O caminhão não tinha registro de roubo. O inquérito será aberto pela delegacia de Campina Grande do Sul, que investigará se o proprietário, que vive no Sítio Cercado, está ou não envolvido com os furtos.