A juíza Paula Priscila Candeo, do Fórum Criminal de Quatro Barras, recebeu ontem a denúncia contra os ciganos Vera Petrovitch, 53 anos; Pero Petrovitch Theodoro Vichi, 19; e Renato Michel, 38.
A partir de agora, o trio, que figurava como suspeito do assassinato de Giovana dos Reis Costa, 9, passa a ser acusado pela Justiça.
A decisão da juíza inicia a etapa processual, que deve culminar em júri popular.
Os três denunciados estão com prisão preventiva decretada e a adolescente de 16 anos, filha de Renato e mulher de Pero – que supostamente também participou do crime -, está com mandado de apreensão. Os quatro estão foragidos.
De acordo com o promotor de Justiça Octacílio Sacerdote Filho, que na quarta-feira encaminhou a denúncia à juíza, todos serão intimados para os interrogatórios nos endereços que forneceram ainda quando foram ouvidos na delegacia. Como estão foragidos, caso não compareçam nas audiências, serão convocados em edital público. Se faltarem novamente ou não apresentarem defesa por parte dos advogados, o processo ficará suspenso até que eles sejam presos.
Os acusados são os primeiros a serem ouvidos na etapa processual, mas caso não sejam encontrados, o promotor deverá pedir produção antecipada de provas, que consiste em ouvir as testemunhas primeiro.
Denúncia
Na denúncia entregue à juíza, o promotor afirma que os acusados – a adolescente, Renato, Vera e Pero, se reuniram, em data não apurada, na casa em Quatro Barras para planejar o crime. Eles teriam que encontrar uma criança, do sexo feminino e virgem, para extrair seu sangue a fim de realizar um ritual que garantisse sorte e fertilidade a outro filho de Vera, que se casaria em 14 de abril. Depois do encontro, Renato Michel voltou para Curitiba.
Dias depois Vera também deixou Quatro Barras para preparar o casamento do filho, mas, antes de partir, orientou Pero e a nora que o crime deveria ser cometido na semana do casamento. Em 10 de abril, Giovanna bateu na porta da casa dos ciganos para vender rifas de Páscoa para a festa da escola onde estudava. Foi a oportunidade esperada pelos assassinos para apanhar a vítima. Eles a convenceram a entrar na casa e telefonaram para Renato. O trio seguiu as orientações de Vera e conversando normalmente com a criança a levaram até um quarto. Lá a imobilizaram e despiram. Eles a deitaram no chão, tamparam sua boca com as mãos e abriram suas pernas. Introduziram um objeto cilíndrico com ponta irregular na vagina da criança, retirando o sangue, que foi usado no ritual macabro. A dor fez Giovanna se debater e tentar gritar. Os acusados então apertaram o pescoço dela até que desfalecesse. Depois do crime, eles lavaram a garota, amarram-na com fios de luz e colocaram o corpo em um saco de lixo. Pero e Michel deixaram o corpo no matagal a uma quadra da casa onde aconteceu o sacrifício.