O desembargador federal Néfi Cordeiro, do Tribunal Regional Federal (TRF) da 4.ª Região, manteve, no início da noite de ontem, sua decisão de negar a liminar solicitada pela defesa de Antonio Celso Garcia, vulgo Tony Garcia, em habeas corpus impetrado na corte contra a prisão do réu. Na última quarta-feira, o magistrado negou o pedido de libertação do ex-deputado, preso na terça-feira, em Curitiba, pela Polícia Federal. Os advogados de Garcia protocolaram ontem uma petição requerendo que Cordeiro reconsiderasse sua decisão, mas o desembargador indeferiu o pedido.
Devassa
Pelo lado da Polícia Federal, os peritos contábeis já iniciaram os trabalhos de análise de toda a documentação e materiais apreendidos no apartamento e em duas empresas do "empresário". De acordo com a PF, a previsão é de que os trabalhos durem no mínimo trinta dias, mas esse prazo pode se estender, devido à grande quantidade de livros contábeis, notas de faturas de importação de veículos, disquetes e arquivos de computadores que terão que passar pela perícia.
Todo o material foi recolhido durante a "Operação Fraude Zero", que cumpriu onze mandados de busca e apreensão, expedidos pelo juiz federal Sérgio Fernando Moro, da 2ª Vara Federal Criminal de Curitiba. Participaram dessa ação sessenta policiais federais e quinze auditores fiscais da Receita Federal.
Além da documentação encontrada nas empresas de propriedade de Garcia, Baltimore S/A e Eldorado Corretora de Mercadorias Ltda., a PF informou que empresas como a Auto News, de propriedade do empresário Sérgio Malucelli, também tiveram documentos apreendidos. A empresa também comercializa carros importados na capital. Os agentes da PF estão analisando uma possível negociação que teria sido realizada dessa empresa com as de Tony Garcia. Outros nomes influentes no Paraná também estão sendo investigados, para saber se existe vínculos com as fraudes apresentadas pelo processo criminal que tramita na justiça. Há, inclusive, profissionais do meio jornalístico na lista da PF.
Cela
Tony Garcia continua detido na superintendência da PF, em Curitiba. Mas, agora, já são três detentos que dividem a cela provisória que fica no subsolo da sede da PF com o empresário. No final da tarde de quarta-feira, informou a PF, a mulher do ex-deputado, Priscilla Sigel Garcia, o visitou. Tony Garcia responde à acusação de fraude na ação penal do Consórcio Nacional Garibaldi, que causou prejuízos de mais de R$ 40 milhões a centenas de consorciados, e também a indícios de sonegação fiscal, evasão de divisas, subfaturamento em importações e clonagem de veículos.