Justiça decreta prisão, mas empresários acusados desaparecem

Na manhã de ontem, policiais se depararam com bilhetes e portas fechadas ao saírem para cumprir os mandados de prisão preventiva do presidente da Associação Paranaense de Empresários de Obras Públicas (Apeop), Emerson Gava, e mais cinco envolvidos nos casos de fraude de licitações de obras públicas no Estado, deflagrados pela operação Grande Empreitada da Polícia Civil. Da associação, também deveriam ter sido presos o vice-presidente Fernando Afonso Gaissler Moreira, o gerente executivo Carlos Henrique Machado e o coordenador Lucídio Bandeira Rocha Neto, além do diretor técnico da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), Lucas Bach Adada, e o empreiteiro Mário Henrique Furtado Andrade, da empresa Afirma. Todos estão foragidos.

A operação foi realizada por 20 policiais do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce), Tático Integrado de Grupos de Repressão Especiais (Tigre), Força Especial de Repressão Antitóxicos (Fera) e Corregedoria da Polícia Civil. O pedido de prisão preventiva foi autorizado pelo juiz da Vara de Inquéritos, Daniel de Avelar Ribeiro, na tarde de anteontem, quando da finalização do primeiro inquérito da operação pela polícia – o qual tratava dos editais 02 e 05 de 2004 da Comec, supostamente fraudados por intervenção da Apeop. O juiz entendeu que os seis acusados fazem parte do núcleo da organização criminosa e que as fraudes não teriam ocorrido sem a participação deles.

Enquanto o Ministério Público recebia o relatório, os mandados eram expedidos em sigilo para que as prisões fossem efetuadas durante a manhã de ontem. Mas, por vazamento de informação ou advertência dos advogados da possibilidade de cumprimento de uma prisão preventiva, os acusados deixaram Curitiba, provavelmente ainda na noite de quinta-feira.

Foi, ao menos, o caso de Gava. Em seu apartamento, os policiais encontraram apenas um bilhete da esposa dele avisando a empregada que saíram para uma viagem. Ainda segundo a polícia, os porteiros dos prédios em que os outros indiciados foram procurados disseram que quase todos eles também teriam deixado a cidade.

Justiça

Via assessoria de imprensa, o delegado Sérgio Sirino, coordenador do Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce), disse que "a polícia fez a sua parte. Investigamos, descobrimos os esquemas de corrupção, provamos com inúmeros materiais e prendemos os acusados uma vez. Agora, o Poder Judiciário é quem vai decidir o que será feito com estas pessoas". Na Vara de Inquéritos Policiais a informação era de que, além do Nurce, o mandado de prisão preventiva é encaminhado também para a Delegacia de Vigilância e Capturas; dessa forma, os acusados podem ser presos em qualquer parte do País. Porém, independente da preventiva, a Justiça aguarda a manifestação do Ministério Público (MP) dentro de quatro dias. Caso haja denúncias contra os indiciados, o processo é aberto e eles devem ser posteriormente julgados. Segundo a assessoria de imprensa do MP, o fato de estarem foragidos não interfere no parecer da promotoria sobre o inquérito.

Se houver informações sobre o paradeiro dos acusados, a Secretaria de Segurança Pública as solicita através dos telefones (41) 3324-8979 (Nurce) ou (41) 3224-9496 (Cope).

Preventiva desnecessária, diz advogado

"Considero desnecessário e arbitrário o mandado, e acredito que estão foragidos não para frustrar as investigações, mas somente até que saia o resultado do pedido do habeas-corpus impetrado para afastar este decreto", afirmou o advogado Paulo Alarcon, que defendeu um dos acusados antes da conclusão do inquérito. Ele explicou que, no intervalo de tempo entre a entrega do inquérito pela polícia e a avaliação do MP, os acusados não têm de responder a nenhum tipo de processo. Segundo Alarcon, a opinião é consensual entre os advogados dos acusados.

O advogado Roberto Brzinski – que defende Gava, Gaissler, Machado e Rocha Neto – foi procurado pela reportagem, mas não foi encontrado. Já o advogado de Adada, Claúdio Daledonne, está em viagem e não foi localizado pelo celular. O advogado da Apeop, Rodrigo Rosa, preferiu não se pronunciar.

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