Jurados absolvem dois do caso Evandro

Os réus Airton Bardelli dos Santos e Francisco Sérgio Cristofolini foram absolvidos da acusação de matar o garotinho Evandro Ramos Caetano, 6 anos, em um ritual de magia negra, em abril de 1992. Depois de cinco dias de julgamento, o resultado foi anunciado por volta das 20h de ontem. Bardelli foi absolvido por cinco votos a dois e Cristofolini, por seis votos a um.

Outros três acusados – Osvaldo Marcineiro, Davi dos Santos, Vicente de Paula Ferreira, foram condenados pelo mesmo crime em abril do ano passado. Também acusadas do crime, Beatriz e Celina Abagge foram levadas a júri popular em 1998 e absolvidas, porque o corpo de jurados entendeu que o corpo não era de Evandro. Elas serão submetidas a novo júri, ainda sem data marcada.

Ontem o julgamento foi marcado por debates. Pela manhã, os promotores Lúcia Inez Gicomitti Andrich e Paulo Sérgio Markowicz de Lima pediram a condenação dos réus. Das 9h30 às 12h45, eles argumentaram que os réus deveriam ser condenados em virtude da delação de Osvaldo Marcineiro, Davi dos Santos e Vicente de Paula Ferreira, que chegaram ser acareados com Bardelli e Critofolini. Eles também aliaram este fato à materialidade do crime, ou seja, o corpo do menor.

A defesa começou a expor seus argumentos às 14h10. O advogado Haroldo César Nater apresentou três mensagens aos jurados. Uma delas relacionada à mãe e ofereceu à mãe de seu cliente, Francisco Sérgio Cristofolini. Outra falava da autoridade e sua responsabilidade. O defensor frisou que seu cliente nunca teve antecedentes, nem antes e nem depois do processo sobre a morte de Evandro.

Nater surpreendeu o Ministério Público ao exibir o site www.mpcaopjuri.pr.gov.br, o qual lembra histórias do Ministério Público no Tribunal do Júri, relatando julgamentos que aconteceram no Paraná. Em um deles, o promotor relata que contratou um fotógrafo para fazer fotos de um cadáver e pagou com recursos próprios. Este promotor relatava ainda que tinha certeza de que alguém iria passar mal e, como presumia, um dos membros do corpo de jurados pediu para ir ao banheiro. Nater mostrou ainda que um dos coordenadores do site é o promotor Paulo Sérgio Markowicz de Lima, que não rebateu as declarações do defensor. O defensor ainda mostrou ao corpo de jurados uma fita, onde os réus confessam que praticaram o crime, salientando que ao fundo há uma música de João Mineiro e Marciano. Ele afirmou ainda que a fita foi gravada mediante tortura.

Outro ponto usado pelo defensor para convencer os jurados foi o suicídio do perito Rui Rezende, que aconteceu um dia antes do julgamento de Celina e Beatriz Abagge, em 1998. Haroldo ainda leu trechos da carta deixada pelo perito. Após mais de uma hora, o defensor pediu a absolvição dos réus.

Em seguida, o advogado Matheus Gabriel Rodrigues de Almeida frisou que os réus foram torturados e acusou a juíza Anésia Kowalski, que conduziu o processo do caso em Guaratuba, de cercear a defesa. ?Possuindo um juiz como acusador, tem que ter Deus na defesa?, argumentou o defensor. Ele recordou que seu cliente Airton Bardelli dos Santos ficou sete anos e sete meses preso. Matheus Gabriel afirmou ainda que não existem elementos que provem a participação de seu cliente e de Cristofolini no processo, lembrando ainda que os jurados têm que se valer do princípio de que, na dúvida, o réu deve ser favorecido. ?Tem gente que mata só para ver o tombo, mas não é o caso desse homem?, finalizou o advogado, pedindo a absolvição dos réus.

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