Como o Paraná Online já havia adiantado, o julgamento de Beatriz Abagge, 43 anos, marcado para a quinta-feira, foi adiado para 27 de maio. Ela constituiu um novo advogado, que deverá estudar as 70 mil páginas do processo para estar apto à defesa.
O julgamento acontecerá no 2.º Tribunal do Júri de Curitiba, atuando na acusação a promotora Lúcia Inez Giacomitti Andrich. O criminalista e professor Adel El Tasse disse estar convicto da inocência de Beatriz.
“A insistência, de alguns poucos em acusá-la nada mais é que uma tentativa de desviar a atenção da brutalidade praticada pelo Estado contra ela, que foi torturada e violentada para confessar um crime que ela e os outros seis acusados jamais cometeram. E, do qual, não há uma única prova efetiva”, assegura.
Desistência
Até o começo do ano, o advogado Adriano Sérgio Nunes Bretas defendia Beatriz, mas, por motivos particulares, ele desistiu da causa. Mesmo assim, afirmou ter certeza da inocência da acusada, revelando que há condições de se pedir a anulação de todo o processo que se arrasta pela Justiça há 19 anos, já que os autos são “falhos” e não há provas contra os setes acusados.
Além de Beatriz, a mãe dela, Celina Cordeiro Abagge, também deveria ir a novo júri popular, mas por já ter mais de 70 anos ficou inimputável pela legislação brasileira.
Ambas protagonizaram, em 1998, o mais longo júri da história do Brasil (34 dias) e foram absolvidas. O Ministério Público recorreu e conseguiu a anulação daquele julgamento. Dos outros cinco acusados (todos homens), três foram condenados a penas superiores a 18 anos de prisão e dois foram absolvidos.
Evandro
As sete pessoas foram acusadas de sequestro e assassinato, em suposto ritual de magia negra, de Evandro Ramos Caetano, 6 anos, em abril de 1992, em Guaratuba.
O corpo foi encontrado mutilado, cinco dias depois do desaparecimento, jogado em um matagal. Até hoje há quem duvide de que aquele cadáver era mesmo o de Evandro, já que dos três exames de DNA feitos na época em um laboratório de Minas Gerais, dois deram resultados inconclusivos e o terceiro, que deu positivo, foi feito a partir de um dente de leite que a mãe de Evandro guardava em casa e não de material retirado do corpo.