Marcado para às 9h da próxima segunda-feira, o julgamento de Beatriz Abagge deverá ser transferido para nova data, a pedido da defesa. Um novo advogado, Adriano Bretas, assumiu o caso na semana passada.
Acusada, juntamente com a mãe – Celina Cordeiro Abagge – e outros cinco homens, do sequestro e assassinato do menino Evandro Ramos Caetano, crime ocorrido em Guaratuba há 18 anos, Beatriz sempre negou qualquer envolvimento, revelando inclusive que foi obrigada a confessar sua participação mediante tortura imposta pelos policiais militares que a prenderam na época.
Celina, que este ano completou 70 anos, não irá mais a julgamento, porém disse que não deixará a filha sozinha e que pretende participar ao menos com testemunha do caso.
Assim como a Beatriz, Celina e os outros cinco acusados – Osvaldo Marcineiro, Vicente de Paula Ferreira, Davi dos Santos Soares, Airton Bardelli dos Santos e Francisco Sérgio Cristofolini, asseguram que sofreram torturas a mando do então capitão Neves, do Grupo Águia da Polícia Militar, para admitir terem matado o menino em ritual de magia negra.
Hoje Neves é tenente-coronel da reserva e está com mandado de prisão expedido sob acusação de comandar uma milícia para agir contra sem-terras na região dos Campos Gerais.
Confusão
O sumiço e morte de Evandro, em 7 de abril de 1992, sempre foram coroados por muita confusão. As investigações deixaram a desejar e há dúvidas gritantes em todo o processo.
Desmembrados, os julgamentos dos acusados aconteceram em datas e locais diferentes, terminando também com resultados diferentes. Celina e Beatriz foram julgadas no Fórum de São José dos Pinhais, no mais longo júri da história do Brasil.
Durou 34 dias e noites e ambas foram absolvidas, porque os jurados acharam que o corpo encontrado em Guaratuba poderia não ser o de Evandro. Como os jurados decidiram de forma contrária à prova do processo, o júri foi anulado e agora só Beatriz deverá ser novamente julgada.
Em outra ocasião, Bardelli e Cristofolini foram julgados no Tribunal do Júri de Curitiba. Os dois foram absolvidos, mas a promotoria recorreu porque o advogado de Cristofolini leu um documento que não estava anexado aos autos.
Este júri ainda pode ser anulado. No terceiro julgamento, também em Curitiba, Marcineiro, Vicente de Paula e Davi Soares foram condenados a penas superiores a 18 anos de prisão e estão cumprindo.