Foto: Allan Costa Pinto

Márcia diz que acidentes não acontecem por acaso.

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Jovens motoristas e motociclistas. Quando se fala em acidente de trânsito no Paraná, estes são os dois itens que se destacam nas estatísticas. O Ministério da Saúde divulgou, na última quarta-feira, que em 2005 o Paraná registrou 25,5 mortes entre jovens de 10 a 19 anos para cada 100 mil pessoas. O 3.ª maior índice do Brasil. Já as motocicletas foram campeãs de acidentes em 2005: a frota de motocicletas e motonetas do Paraná, segundo o Detran, era de 553.606 veículos. Deste total, 18.514 envolveram-se em acidentes (3,34%). Quanto aos automóveis, dos 2.383.396 veículos em circulação naquele ano, 31.598 (1,32%) sofreram acidentes.

?Quando falamos em acidente de trânsito, temos que partir do princípio que não é por acaso. Ele sempre pode ser prevenido?, explicou a coordenadora do Programa Gente Saudável da Prefeitura de Curitiba, Márcia Cristina Krempel. Segundo ela, a maior parte das fatalidades acontece com motoristas entre os 19 e 39 anos. Dados repassados por Márcia mostram que em 2006 morreram 367 pessoas no trânsito da capital, ou seja, uma pessoa por dia. E destas, 80% tinham entre 20 e 49 anos. ?Os acidentes atingem na maioria a população produtiva. E os jovens geralmente são mais arrojados, querem desafios e são mais autoconfiantes?, salientou.

Segundo o psicólogo colaborador do Núcleo de Psicologia do Trânsito de Curitiba e especialista em cidades, meio ambiente e políticas públicas, Ricardo Carlos Hartmann, ?os jovens não têm consciência do risco do seu comportamento individual para o coletivo?. ?Eles não têm a percepção que o trânsito é uma atividade de risco. Mas quando começam a refletir, o que acontece com a maturidade, mudam. Mas a pessoa demora a atingir este nível?, explicou. E o psicólogo também traz dados para mostrar o problema dos acidentes de trânsito. ?Números do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que em 2004 foram gastos mais de R$ 1,1 bilhão no Brasil só com custos de acidentes de trânsito com vítimas fatais ou não?, contou.

Homens

Os homens também se destacam nas estatísticas, principalmente quando se fala em acidentes com jovens. Além disso, Márcia contou que 30% dos acidentes de trânsito com o sexo masculino envolve bebida alcoólica. Mas quando se fala em motorista homem, é importante lembrar que eles estão em maioria no trânsito. Dados de 2006 do Detran dão conta que dos 3.437.470 condutores cadastrados no Paraná, 73% são homens. Já 42% do total de motoristas paranaenses têm idade entre 18 e 34 anos.

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Estado computou mais de 4 mil acidentes com ciclistas em 2005

Em 2005, o Paraná registrou 4.343 acidentes de trânsito com ciclistas. ?A questão dos ciclistas também está se tornando um problema sério. A frota de bicicletas é menor, mas o número de acidentes é muito alto. Precisamos estimular o uso, mas temos que fazer campanhas para incentivar o uso de equipamentos de segurança e para conscientizar os motoristas?, afirmou a coordenadora do Programa Gente Saudável da Prefeitura de Curitiba, Márcia Krempel.

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O presidente da ONG Mobiciclo, Ulrich Jager, afirmou que diante da realidade do trânsito de Curitiba, hoje a bicicleta está se tornando um meio de transporte mais viável, principalmente na região central. ?Existem estudos que comprovam que para andar cinco quilômetros, a bicicleta vai mais rápido que o carro e em horários de pico esta distância aumenta para oito quilômetros?, explicou. Além disso, Jager salientou que é um meio de transporte mais saudável, econômico e ecologicamente correto.

?Aqui em Curitiba, os ciclistas usam muito as canaletas do ônibus, mesmo com a proibição da Urbs. Mas eles andam lá porque é mais seguro que andar na rua. A cidade teria que colocar uma rede de ciclovia que de fato atenda às necessidades. O conceito da ciclovia de Curitiba é atender o lazer?, afirmou Jager. Segundo ele, o próprio Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) descobriu que um terço dos ciclistas usam a bicicleta para ir até o centro.

Para atender às necessidades de quem usa a bicicleta como meio de transporte em Curitiba, Jager defende que a Prefeitura faça uma ciclovia que vá até a região central e construa bicicletários seguros ou crie vagas específicas para bicicletas nas ruas. ?Além disso é preciso conscientizar o motorista sobre o perigo. Pelo Código de Trânsito, o motorista tem que respeitar o mais fraco. Mas hoje vemos o contrario?, lembrou.

Motos são as que mais se acidentam

?Quem mais se acidenta são os motociclistas. Do total da frota de veículos do Paraná, 10% são motocicletas. E elas estão envolvidas em 30% dos acidentes. Proporcionalmente o problema é bem maior do que com os veículos?, afirmou a coordenadora do Programa Gente Saudável da Prefeitura de Curitiba, Márcia Cristina Krempel. Ela ressaltou que as motos são responsáveis por cerca de 30% dos atropelamentos em função do comportamento de muitos motociclistas no trânsito (como andar perto do meio fio ou entre os veículos).

O acidente com motociclistas costuma causar problemas mais graves. ?Quando a motociclista usa capacete, as lesões costumam ser nos membros superiores e inferiores. A perna geralmente está na altura do carro e por isso ocorre o esmagamento?, explicou Márcia. Nos casos em que o motociclista não usa o capacete, a lesão geralmente é fatal.