Jovens seqüestrados por quadrilha

Policiais do grupo Tigre -Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial – intensificam as buscas às quatro pessoas seqüestradas na noite de sexta-feira, de dentro de uma casa, na Vila Leonice, bairro Cachoeira. Até a tarde de ontem, a única pista encontrada foi o veículo Fiat Tipo – branco -, de uma das vítimas, achado queimado próximo à Rodovia dos Minérios, em Almirante Tamandaré.

Era noite de sexta-feira quando Cristiano Barreto, 19 anos, comemorava seu aniversário na casa da namorada, Carla Meire Lima das Chagas, 27, na Rua Araucária. Junto com eles estavam Diego dos Santos, 18, Adriano César da Silva 17, e outros quatro convidados. Por volta das 23h, o aniversariante saiu com sua moto para comprar mais bebida e quando retornou, pouco tempo depois, encontrou a casa invadida por um grupo de seis desconhecidos. Usando capuzes, o bando arrastou Cristiano, Carla, Adriano e Diego para dentro de um veículo preto, e fugiu levando o Fiat Tipo, da jovem. Os demais convidados foram amarrados com fios de aparelhos domésticos e deixados dentro da casa. Somente na manhã seguinte as famílias das vítimas souberam o que havia acontecido.

Na tarde de ontem, o delegado do Tigre, Riad Farhat, foi até a casa dos pais dos jovens para levá-los à delegacia, onde seriam ouvidos. O mesmo deve acontecer com as demais testemunhas do seqüestro. Ainda durante a tarde, peritos do Instituto de Criminalística realizaram a perícia na rua de terra, próximo da Rodovia dos Minérios, onde o Fiat Tipo foi incendiado. O carro foi encontrado na manhã de domingo, mas teve que ser levado a um ferro-velho, às margens da estrada. O motivo é que moradores da região estavam desmanchando-o para revender as peças, e com isso destruindo a única prova do crime. Dentro do Fiat foi encontrada apenas uma camisa manchada de sangue.

Ligações com o tráfico

Agoniados com o desaparecimento dos jovens, Marlei dos Santos, mãe de Cristiano; Creuseli Amâncio da Silva, mãe de Adriano; e Antônio Alves dos Santos, pai de Diego, reuniram-se ontem em frente à casa onde os amigos foram raptados, na Rua Araucária, Cachoeira, ameaçando fazer um protesto, caso a polícia não se pronunciasse. Os ânimos só foram acalmados depois que policiais do grupo Tigre chegaram no local e os levaram para prestar depoimentos.

Quando questionados sobre o motivo que teria levado os agressores a cometerem os seqüestros, os pais das vítimas afirmaram que não havia motivos para o crime. Segundo Marlei, que trabalha na Unidade de Saúde da região, testemunhas contaram que os marginais invadiram a casa perguntando pelo filho dela, porém a mulher não soube explicar o motivo. "Eu conheço Cristiano da porta para dentro de casa, não sei o que ele faz na rua", disse ela, alegando desconhecer o envolvimento do filho com qualquer ato ilícito.

Já o delegado do grupo Tigre, Riad Farhat, afirmou que a principal hipótese para ação criminosa é vingança. Os rapazes seriam apontados como traficantes de drogas na região e como autores de um assassinato ocorrido há alguns dias no bairro. Integrantes da gangue rival teriam cometido o seqüestro para vingar a morte do comparsa.

Drama afeta crianças

O seqüestro dos quatro amigos não deixou apenas os pais das vítimas angustiados, mas também os filhos delas. Adriano é pai de um menino de 1 ano; Cristiano possui um filho de 2 anos, e Carla é mãe de quatro crianças, de 10, 8, 7 e 4 anos.

Segundo familiares da jovem, o marido dela foi assassinado há um ano, e desde então Carla morava com os filhos na casa onde foi seqüestrada. Desempregada, ela havia deixado os filhos com os parentes, enquanto tentava arrumar trabalho. Na sexta-feira Carla emprestou o carro Fiat Tipo do cunhado para levar as crianças na escola, onde seria homenageada, pela passagem do Dia das Mães.

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