A cada duas horas e cinco minutos, uma pessoa foi assassinada na Grande Curitiba durante o fim de semana, o que totalizou 23 homicídios. Além do meio empregado para a prática dos crimes – a maioria por arma de fogo – um outro fator aproxima todos os casos. Quase 70% das vítimas tinham entre 14 e 25 anos, número que segue a média nacional.

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Dos 23 crimes registrados entre as 2h de sábado e o mesmo horário de segunda-feira, nove foram cometidos na capital; sete em São José dos Pinhais e os demais em Colombo, Campo Largo, Araucária, Piraquara e Pinhais.

A maioria das vítimas era jovem, sendo 69,5% com idade entre 14 e 25 anos. De acordo com a pesquisa feita pela Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), nos 556 municípios brasileiros com maiores taxas de homicídios, 81,9% das vítimas estão dentro desta faixa etária. O estudo apontou ainda que entre 1994 e 2004, o número de mortos jovens com estas idades subiu 64,2%.

Outro dado da violência local que segue a estatística nacional é relativo a mulheres assassinadas. Entre os 23 mortos do fim de semana, apenas um era do sexo feminino.

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A mulher foi morta a golpes de faca, enquanto os demais foram assassinados a tiros. De acordo com o estudo do OEI, 92,1 % das vítimas de homicídios no Brasil são homens.

Durante o período em que ocorreram os assassinatos, o Instituo Médico-Legal recolheu ainda outros nove corpos. Seis deles vítimas de acidentes de trânsito; um queimado; um afogado; um intoxicado e outros dois cuja causa da morte ainda não foi apurada.

Degolada dentro de casa

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Marcelo Vellinho

Joana trabalhava no bar Kanto Novo, em São José dos Pinhais. (Foto: Alberto Melnechuky)

A impressionante onda de violência em São José dos Pinhais, que fez diversas vítimas durante no fim de semana, teve seqüência na madrugada de ontem, com mais dois assassinatos.

Na Cidade Jardim, o autônomo Lauro Roberto Lick da Luz, 36 anos, foi esfaqueado no peito. No Jardim Ouro Fino, a comerciante Joana Lima Santos, 35, foi amordaçada, espancada e esfaqueada. Desde a madrugada de sexta-feira até ontem, 11 pessoas foram mortas no município.

O primeiro crime de ontem aconteceu pouco depois da meia-noite. Lauro levou uma facada no peito e tombou na Rua Canuto Maciel de Araújo. De acordo com o chefe de investigação Roberto de Miranda, o crime pode estar ligado às drogas.

“Lauro já contava com passagem por tráfico e era usuário de drogas há bastante tempo”, informou o policial. Conforme foi apurado pela polícia, a vítima já vinha sendo ameaçada.

Horas depois, Joana foi encontrada morta em sua residência, na Rua Brasília. A casa é anexa ao bar Kanto Novo, onde a mulher trabalhava. Por volta das 2h, o corpo dela foi encontrado caído na cozinha. Joana foi amordaçada, espancada e teve o pescoço cortado pelos matadores.

“Ainda temos poucas informações sobre o crime. Mas, pela maneira como aconteceu, é possível que se trate de uma vingança”, disse Miranda. A polícia deverá apurar se algo foi roubado do bar.

Crimes

Nos últimos dias, São José dos Pinhais tem registrado um alto índice de violência. Na madrugada de sexta-feira última, houve a chacina no Jardim Independência, com quatro mortos.

Nas primeiras horas de sábado, um homem foi morto a tiros e pedradas no Rio Pequeno e outro morreu no Hospital de São José, após ser baleado. Ainda no sábado à noite, mais três pessoas foram assassinadas no centro e nos bairros Afonso Pena e Borda do Campo.

“Guerra” no Cajuru é investigada

Giselle Ulbrich

“O Cajuru foi apontado como um dos bairros com maior incidência de crimes em Curitiba. Desde abril fazemos um acompanhamento por lá”, revelou o delegado Jaim,e da Luz, titular da Delegacia de Homicídios (DH), que abriu inquérito para ajudar a esclarecer o tiroteio ocorrido na manhã de domingo, que deixou o saldo de dois mortos, um ferido e dois presos.

Diligências e operações, algumas em conjunto com a Polícia Militar, estão sendo feitas na região. No mês passado foram cumpridos alguns mandados de busca e apreensão e de prisões, que resultaram em seis armas apreendidas e três presos. Cerca de dois meses antes, outra leva de armas foi recolhida no bairro, segundo Jaime da Luz.

Mesmo assim os marginais continuam armados, conforme ficou comprovado no domingo, quando duas gangues se confrontaram com policiais do 20.º Batalhão. Foram mortos Bruno Paglioto Taborda, 24, e Guilherme Mourão Sphair, 18, e mais de 500 tiros foram disparados em 40 minutos de confronto.