| João de Noronha |
 |
| Jovem sofreu horrores e se recupera em hospital. |
Vinte quilos mais magra, cabeça raspada, hematomas pelo corpo provocados por espancamento e queimaduras com cigarro, e com o órgão genital dilacerado. Assim uma jovem de 20 anos foi encontrada, na manhã de sexta-feira, depois de ser torturada durante nove meses, tempo em que foi mantida como prisioneira na casa de Dirceu Jacobi, 29, em Colombo.
O autor da barbárie, apontado como um dos principais traficantes de drogas do município, também é acusado de assassinar a irmã da jovem com um tiro na cabeça. Mesmo com mandado de prisão expedido contra ele desde a época do crime, Dirceu nunca foi preso.
Em princípio tratava-se de uma história digna de conto de fadas. A menina de 16 anos apaixonou-se pelo suposto vendedor de produtos de higiene e eles resolveram morar juntos. Não demorou para ela descobrir o envolvimento de Dirceu com o tráfico. Com o passar dos meses o sonho transformou-se em pesadelo.
A jovem experimentou as drogas e virou refém do ciúme do namorado. Depois de sofrer várias agressões, ela contou para a mãe e para a irmã – dois anos mais velha – o inferno em que vivia. O plano da família era denunciá-lo e resgatar a garota. Entretanto, no dia 9 de fevereiro do ano passado Dirceu descobriu que seria denunciado. ?Eles tiveram uma briga e minha filha contou que eu e a irmã dela iríamos contar tudo à polícia?, relatou a mãe.
Naquela noite, Dirceu levou a namorada até a casa da irmã. Friamente matou a irmã com um tiro na cabeça e também baleou o marido dela, ferindo-o na perna. Também atirou contra a namorada, mas a jovem conseguiu se esquivar da bala. Dirceu fugiu e a namorada dele voltou a morar com a mãe.
?Ela estava bem e juntas nós nos recuperávamos da perda da minha outra filha?, contou a mulher.
Seqüestro
O pesadelo parecia ter acabado quando, no dia 21 de junho do ano passado, a jovem saiu da casa da mãe para telefonar em um orelhão, em Quatro Barras. Quando estava no aparelho foi seqüestrada a mando de Dirceu, que a manteve durante nove meses trancafiada em uma casa no bairro Rio Verde, em Colombo. A mãe passou a crer que sua segunda filha também iria morrer nas mãos do criminoso e travou uma luta em busca da garota. Durante todos esses meses ela pediu ajuda a vários policiais para descobrir o paradeiro da filha.
Pelo menos uma vez por mês, Dirceu permitia que a garota ligasse para a mãe, para dizer que estava bem. Mas ela era obrigada a repetir as palavras que ele mandava, pois tinha sempre um revólver apontado para a cabeça.
Sofrimento
Na manhã da última sexta-feira, parte do sofrimento acabou, quando a família da jovem recebeu um telefonema de um hospital, avisando que ela estava internada. Quando chegou para encontrar a filha, a mulher não a reconheceu.
A garota estava com os cabelos picotados, com marcas de torturas e até com as sobrancelhas raspadas. Para fugir do inferno que vivia, ela tentou se matar, tomando veneno.
Ao perceber que a namorada poderia morrer, Dirceu desapareceu. Uma pessoa que passava próximo à casa onde a jovem estava, na manhã de sexta-feira, ouviu os gritos de socorro e a resgatou, levando-a ao hospital.
No sábado, quando a filha estava melhor, a mulher descobriu que quando a garota ligava para casa ela estava sob a mira de revólver, e era obrigada a dizer que estava bem. Dirceu também ameaçava matar toda a família dela, caso ela fugisse. Agora a família teme que Dirceu, que usa o nome falso de Carlos Alberto da Silva, se vingue de todos. ?O que nós queremos é proteção policial. Ele já matou uma das minhas filhas e fez a outra viver esse suplício. Se a polícia não fizer alguma coisa, ele vai acabar com todos nós?, suplicou a mãe.
Suplício nas mãos de maníaco
Nem mesmo um filme de terror seria capaz de recriar fatos tão bárbaros como as torturas sofridas pela jovem de 20 anos. No hospital, ainda bastante debilitada, ela contou que além de apanhar com uma mangueira, de ser agredida a socos e chutes até perder os sentidos, Dirceu mordia seu corpo, inclusive seus seios. ?Ele é um psicopata. Mordeu, raspou os cabelos dela e as sobrancelhas para deixá-la feia, porque tinha ciúmes?, contou a mãe.
Além das agressões, a jovem teve o corpo queimado com a brasa de cigarro, foi forçada a ingerir fezes e foi vítima das mais absurdas perversões sexuais. Ela foi obrigada a manter relações sexuais com animais e, para completar o horror, várias vezes o maníaco colocou o pé e a mão na vagina da garota, o que fez com que o órgão fosse dilacerado. ?Minha filha está com anemia profunda e ainda será submetida a uma cirurgia reparadora do órgão genital. Ela viveu um suplício nas mãos desse maníaco. Estou chocada, mas vou até o fim para que a justiça seja feita?, finalizou a mãe em prantos.