Um usuário de droga simulou o próprio sequestro para conseguir dinheiro da mãe e pagar a dívida com traficante. Washington do Valle Ferreira de Almeida, conhecido como “Cris”, 19 anos, Joel da Silva Palhares, 18, e um adolescente de 17, foram detidos sábado. A farsa foi descoberta por policiais do Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial (Tigre), com o apoio de investigadores da Divisão Estadual de Narcóticos (Denarc).
A mãe de Washington procurou a Denarc, depois de receber telefonemas de traficantes. O suposto sequestrador dizia que se não quitasse a dívida, o rapaz a pagaria com a vida. O caso foi passado para o Tigre, grupo especializado em investigar sequestros. Os policiais descobriram que o rapaz era usuário de crack e contava com muitas internações por conta do vício, e, no ano passado, foi condenado a dois anos e nove meses de reclusão em regime aberto por roubo.
Desconfiança
Washington não conseguiu se livrar do vício e, como acontece com a maioria dos usuários, passou a dever para traficantes. Para resolver seu problema, ele simulou o próprio sequestro e pediu o resgate a sua mãe. “Explicamos para a mãe que havia a possibilidade de o filho estar envolvido na extorsão. Mas ela preferia não acreditar que isso estava acontecendo”, comentou o delegado Renato Bastos Figueiroa, titular do Tigre.
Os falsos sequestradores exigiram que o dinheiro fosse entregue no Largo da Ordem, onde usuários de droga costumam se reunir. Dois dias depois do primeiro contato, o encontro foi marcado. A polícia se posicionou em pontos estratégicos e flagrou os três rapazes, que foram pegar o dinheiro. O delegado preferiu não divulgar o valor do resgate a pedido da família, mas revelou que a quantia não era alta.
Surpresa
O trio foi levado à sede do Tigre e a polícia descobriu que o sequestrado estava extorquindo a própria mãe. Em depoimento, primeiramente ele negou seu envolvimento, mas depois abriu o jogo. Os comparsas afirmaram ser usuários de droga. Mas o delegado acredita que Joel seja o traficante. Todos vão responder pelo crime de extorsão, a pena chegar até 10 anos de reclusão.
Mal menor
Janaina Monteiro
O caso de Washington não é o primeiro e nem será o último, como informou o delegado Figueiroa. “Atendemos casos semelhantes no ano passado. Neste ano, é o primeiro. Mas é comum ter um parente, usuário de droga, que, além pegar as coisas de casa para trocar por droga, chega ao extremo de simular o próprio sequestro. Sem pensar nas conseqüências e pondo em risco a própria mãe”, revela o delegado.
A mãe de Washington agora terá que visitar o filho na prisão. Segundo o delegado, ela concordou que, caso o filho continuasse vagando pelas ruas, devendo para traficante, ele poderia ser assassinado a qualquer momento. “Nesse caso, a prisão pode ser até melhor. E ela concordou com isso”, comentou.
